Missionário da Consolata na Colômbia e no Equador...

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Lectio Divina de Mateus 2,1-12 - Solenidade da Epifania do Senhor

Por: Patrick Silva, imc
Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém, perguntando: ‘Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.’ Ao saber disso, o rei Herodes ficou perturbado assim como toda a cidade de Jerusalém. Reunindo todos os sumos sacerdotes e os mestres da Lei, perguntava-lhes onde o Messias deveria nascer. Eles responderam: ‘Em Belém, na Judéia, pois assim foi escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe que vai ser o pastor de Israel, o meu povo.’ Então Herodes chamou em segredo os magos e procurou saber deles cuidadosamente quando a estrela tinha aparecido. Depois os enviou a Belém, dizendo: ‘Ide e procurai obter informações exatas sobre o menino. E, quando o encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-lo.’ Depois que ouviram o rei, eles partiram. E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino. Ao verem de novo a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande. Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra. Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra, seguindo outro caminho. (Mateus 2,1-12)
1. LECTIO – Leitura
Eis-nos chegados ao início de mais um ano, ao início de mais uma década. No trilhar dos dias deste novo ano nunca nos falte a luz da estrela que oriente a nossa vida, como foi para aqueles três que deixaram a sua terra para ir ao encontro da verdadeira luz. O primeiro domingo do ano oferece uma festa missionária, recordando a todos que este Jesus é o Salvador universal, é a luz para todos.

O evangelho nos dá a ler a vinda dos magos do Oriente orientados por uma estrela. Continuamos no contexto do chamado “Evangelho da Infância”, onde o evangelista continua deixando uma catequese sobre Jesus e a sua missão… Assim, Mateus quer mostrar, recorrendo a símbolos e imagens bem expressivos para os primeiros cristãos, Jesus como o enviado de Deus, que vem oferecer a salvação a toda a humanidade.

É interessante notar a insistência de Mateus no local do nascimento de Jesus, Belém de Judá (vs. 1.5.6.7). Belém era a terra natal do rei Davi e estava ligada a família de Davi. Assim, afirmar que Jesus nasceu em Belém é ligá-lo às profecias que falavam do Messias como um descendente de Davi que haveria de nascer em Belém (veja Mi 5,1.3; 2 Sm 5,2) e restaurar o reino de Davi. Esta insistência tem que ser entendida como resposta aos que não admitiam Jesus como Messias, pois pensavam que ele tivesse nascido em Nazaré, Mateus recorda, em vez, que Jesus nasceu em Belém.
 
De notar, também, a referência à estrela “especial” que conduziu os “magos” até Belém. Muitos foram aqueles que pensando que Mateus estivesse fazendo um relato jornalístico dos acontecimento, através de cálculos astronômicos complicados concluíram que, no ano 6 a.C., uma conjunção de planetas explicaria o fenômeno da estrela que Mateus fala; outros ainda procuraram por um cometa que pudesse explicar o fenômeno… Na realidade, essas investigações são inúteis, pois Mateus não está a narrar fatos históricos. Segundo a crença popular da época, o nascimento de um personagem importante era acompanhado da aparição de uma nova estrela. Também a tradição judaica anunciava o Messias como a estrela que surge de Jacob (veja Nm 24,17). Ou seja, Mateus usou os elementos da sua época para afirmar que Jesus é o Messias.

Atentemos agora à figura dos “magos”. A palavra grega “mágos” usada por Mateus abarca um vasto leque de significados e é aplicada a personagens muito diversas: mágicos, feiticeiros, charlatães, sacerdotes persas, propagandistas religiosos… Aqui, poderia designar astrólogos. Seja como for, esses “magos” representam, na catequese de Mateus, esses povos estrangeiros que encontremos no texto de Is 60,1-6. Os “magos” se põem a caminho de Jerusalém com as suas riquezas (ouro e incenso) para encontrar a luz salvadora de Deus que brilha sobre a cidade santa. Jesus é, na opinião de Mateus e da catequese da Igreja primitiva, essa “luz”.
Desde já vamos encontrar duas atitudes que irão se repetir ao longo do evangelho, de um lado os que acreditam do outro aqueles que rejeitam, enquanto o Povo de Israel rejeita Jesus, os “magos” do oriente (que são pagãos) O adoram. Herodes e Jerusalém “ficam perturbados” diante da notícia do nascimento do menino e planeiam a sua morte, enquanto que os pagãos sentem uma grande alegria e reconhecem em Jesus o seu salvador.

O trajeto dos “magos” merece também atenção, pois reflete a caminhada que muitos “pagãos” fizeram até encontrar Jesus. Porém, uma vez encontrada a “luz” o caminho é alterado, de fato, os “magos” regressam por outro caminho. Uma vez que se acolhe a Jesus, não é mais possível continuar pelo mesmo caminho.

2. MEDITATIO – meditação
  • Ao olharmos as várias personagens que encontramos no evangelho, notamos respostas diferentes, acolhida, rejeição e indiferença. Perante Jesus qual é a minha atitude?
  • Os “magos” são apresentados como gente atenta aos “sinais”, será que também estou atento aos “sinais de Deus” na minha vida? Ou ando ocupado como muitas coisas que não me permitem “enxergar” tais “sinais”?
  • Ver os “sinais” parece não ser suficiente, perante a “estrela” os “magos” deixaram a sua casa para ir ao encontro da “luz”, será que sou capaz de ter a mesma atitude?
  • A epifania é a revelação universal de Jesus, recorda que Jesus não veio apenas para alguns, mas para todos, sem qualquer exceção. Será que tenho tido uma atitude missionária na minha fé?
3. ORATIO – oração
Ore por todos os missionários e missionárias que estão “encarregados” de levar esta “luz” a todos os povos, para que nunca desanimem em sua missão.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Contemple as estrelas do céus, veja a maravilha do universo, pense como brilham para todos.

5. MISSIO – missão
“Lancemos um olhar para o novo ano que temos pela frente e imaginemos aquilo que nos parece que vai acontecer. Comecemo-lo bem e continuemos sempre assim, caminhando com entusiasmo.” José Allamano


 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Lectio Divina de Mateus 2,13-15.19-23 - Solenidade da Sagrada Família

Por: Patrick Silva, imc
Depois que os magos se retiraram, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo”. José levantou-se, de noite, com o menino e a mãe, e retirou-se para o Egito; e lá ficou até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor tinha dito pelo profeta: “Do Egito chamei o meu filho”. Quando Herodes morreu, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, e lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e volta para a terra de Israel; pois já morreram aqueles que queriam matar o menino”. Ele levantou-se, com o menino e a mãe, e entrou na terra de Israel. Mas quando soube que Arquelau reinava na Judéia, no lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá. Depois de receber em sonho um aviso, retirou-se para a região da Galiléia e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelos profetas: “Ele será chamado nazareno”. (Mateus 2,13-15.19-23)
1. LECTIO – Leitura
Um dia após a celebração do Natal, a liturgia já nos convida a refletir numa família com um recém nascido em fuga para o Egito.  O texto em consideração faz parte da seção do evangelho conhecida como “evangelho da infância”, onde encontramos relatos sobre a infância de Jesus. Convém notar que o interesse na infância de Jesus surgiu numa fase posterior da reflexão cristã. Assim, é importante recordar que o evangelista não está aqui dando a conhecer como as coisas aconteceram, mas uma catequese onde irá demostrar quem é Jesus.
Na base do texto proposto, estão uma série de citações do Antigo Testamento… Mateus parte daí para apresentar uma reflexão cujo objetivo é dizer quem é Jesus. Escrevendo para cristãos vindos do judaísmo, que conhecem bem o Antigo Testamento, Mateus recorre às antigas profecias para explicar quem é Jesus e qual a sua missão. Ao mesmo tempo, mostra como Jesus cumpriu plenamente essas antigas profecias. Uma parte significativa do nosso texto (Mt 2,13-15) está construída sobre Os 11,1 (“do Egito chamei o meu filho”). Mateus apresenta um conjunto de detalhes, a propósito deste episódio, que recordam os inícios da vida de Moisés: o massacre das crianças de Belém pelo rei Herodes (Mt 2,16-18) recorda a ordem do faraó de atirar ao Nilo os bebês hebreus do sexo masculino (veja Ex 1,22); a fuga do menino Jesus através do deserto (Mt 2,14) recorda a fuga do jovem Moisés através do deserto para salvar a vida (veja Ex 2,15); o regresso de Jesus do Egito quando já tinham morrido aqueles que queriam matá-lo (Mt 2,15) recorda o regresso de Moisés ao Egito quando já tinham morrido aqueles que queriam matá-lo (veja Ex 4,19)… Através destas referências, Jesus aparece como um novo Moisés, que libertará o novo Povo de Deus e que dará a nova Lei a esse Povo (veja Mt 5-7).
Por outro lado, Mateus põe também em paralelo o caminho de Jesus e o caminho do Povo de Israel. A fuga de José com Maria e o menino recorda a ida para o Egito da família de Jacob, que emigrou para o Egito por desígnio de Deus (veja Gn 46,1-7); como aconteceu com Israel, também Jesus sairá daí, chamado por Deus (Mt 2,19- 20), a fim de iniciar o novo e definitivo êxodo. Finalmente, o regresso de Jesus à terra de Canaan repete o caminho percorrido por Israel nos seus inícios… É uma forma de ensinar que, com Jesus, tem início um novo Povo de Deus e que Jesus será o libertador (ou o novo Moisés) que conduzirá esse Povo da terra da escravidão para a terra da liberdade.
Não é clara qual a citação profética que está na base da parte final do nosso texto (“será chamado nazareno” – Mt 2,23), embora ela possa fazer referência a Jz 13,5 (“esse menino será nazireu de Deus desde o seio de sua mãe) e a Is 11,1 (“brotará um ramo do tronco de Jessé, um rebento – em hebraico: “neçer” – brotará das suas raízes”). Embora nem a citação de Juízes nem a citação de Isaías tenham nada a ver com Nazaré, Mateus usou-as pela semelhança fonética; o seu objetivo era mostrar aos judeus que, ao instalar-se em Nazaré (apesar de ter nascido em Belém), Jesus estava a cumprir as Escrituras e os desígnios de Deus. Fica, portanto, aqui definida a catequese que revela quem é Jesus e qual a sua missão… A presença constante de Deus conduzindo a história, enviando o seu mensageiro, comunicando com José através dos sonhos, revela que este menino vem de Deus e que tem uma missão de Deus. Qual é essa missão? É dar início a um novo Povo de Deus e, como Moisés, conduzir esse Povo da terra da escravidão para a terra da liberdade.
Neste dia em que celebramos a Sagrada Família, convém também determo-nos um pouco sobre esta família de Nazaré. É uma família unida e solidária, que aceita enfrentar os perigos do deserto e o incomodo do exílio numa terra estrangeira, quando um dos membros corre riscos. Na família de Nazaré manifesta-se, desta forma, esse amor até ao extremo que supera todos os egoísmos e que se faz dom ao outro. Por outro lado, é uma família que escuta a Palavra de Deus, que está atenta aos sinais de Deus e que procura cumprir o projeto de Deus.

2. MEDITATIO – meditação
  • A família de Nazaré é apresentada como uma família unida e solidária. É assim a nossa família? Na nossa família há solidariedade? Sentimos os problemas do outro e empenhamo-nos seriamente em ajudá-lo a superar as dificuldades?
  • Trata-se também de uma família onde se escuta a Palavra de Deus e onde se aprende a ler os sinais de Deus… É na escuta da Palavra que esta família consegue encontrar as soluções para vencer as contrariedades e para ajudar os membros a vencer os riscos que correm; é na escuta de Deus que esta família consegue descobrir os caminhos a percorrer, a fim de assegurar a cada um dos seus membros a vida e o futuro. A nossa família tem tempo para ler e escutar a Palavra de Deus? A nossa família é uma família que reza?
  • A Sagrada Família é, ainda, uma família que obedece a Deus… Coloca nas mãos de Deus o seu futuro. A nossa família aceita com serenidade os esquemas e a lógica de Deus e percorre, com confiança, os caminhos de Deus?
3. ORATIO – oração
Na sua oração recorde todas as famílias que ainda hoje vivem em “fuga”, longe dos suas raízes, longe dos familiares procurando uma vida melhor que muitos nunca chegam a alcançar. Ore ao Senhor pela sua família, peça-lhe a coragem de ser uma família unida e solidária.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Continue contemplando a proposta do presépio, no silêncio deixe que Deus lhe fale pela simplicidade da cena.

5. MISSIO – missão
“Chegámos ao fim de mais  um ano e, como qualquer administrador, devemos fazer o balanço das nossas ações, tendo em conta o ativo e o passivo. Quantos favores recebidos ao longo destes 365 dias! Dêmos graças a Deus por tudo!” José Allamano


Lectio Divina de João 1,1-18 - Natal do Senhor

Por: Patrick Silva, imc
No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus. Ela existia, no princípio, junto de Deus. Tudo foi feito por meio dela, e sem ela nada foi feito de tudo o que existe. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la. Veio um homem, enviado por Deus; seu nome era João. Ele veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos pudessem crer, por meio dele. Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Esta era a luz verdadeira, que vindo ao mundo a todos ilumina. Ela estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a reconheceu. Ela veio para o que era seu, mas os seus não a acolheram. A quantos, porém, a acolheram, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus: são os que crêem no seu nome. Estes foram gerados não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que recebe do seu Pai como filho único, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho dele e proclama: “Foi dele que eu disse: ‘Aquele que vem depois de mim passou à minha frente, porque antes de mim ele já existia’”. De sua plenitude todos nós recebemos, graça por graça. Pois a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus; o Filho único, que é Deus e está na intimidade do Pai, foi quem o deu a conhecer. (João 1,1-18)
1. LECTIO – Leitura
Após uma caminhada de quatro semanas preparatórias, eis que chega o Natal, dia de festa, de alegria, de fé. É hora de celebrar a presença deste Deus entre nós. O Natal de hoje festeja outras coisas e esquece aquele que deu origem à festa. Nós cristão não podemos nos deixar levar por tais atitudes, precisamos nos centrar no Jesus menino. A liturgia de Natal quer nos ajudar neste caminho.
Os primeiros cristãos frequentemente elaboraram hinos para expressar e celebrar a sua fé. O texto, em consideração, do evangelho de João é um belo exemplo. Trata-se de um hino cristológico que expressa a fé da comunidade em Cristo enquanto Palavra viva de Deus, a sua origem eterna, a sua procedência divina, a sua influência no mundo e na história, possibilitando à humanidade que O acolhe e escuta tornar-se “filha de Deus”. Ao longo do evangelho, João, irá desenvolver todos os temas apresentados neste hino.
O hino começa com a expressão “no princípio”, tal recorda o relato da criação que encontramos em Gn 1,1, dando uma chave de interpretação… Ou seja, o que o evangelista irá apresentar sobre Jesus está relacionado com a obra criadora de Deus. Melhor, em Jesus vai acontecer a definitiva intervenção criadora de Deus no sentido de dar vida plena à humanidade…
João apresenta, logo a seguir, a “Palavra” (“lógos”). A “Palavra” é uma realidade anterior ao céu e à terra, implicada já na primeira criação. Não só essa “Palavra” estava junto de Deus e colaborava com Deus, mas “era Deus”. Identifica-se totalmente com Deus, com o ser de Deus, com a obra criadora de Deus. Deus faz-Se inteligível através da “Palavra”. Essa “Palavra” é geradora de vida para a humanidade, concretizando o projeto de Deus.
Essa “Palavra” veio ao encontro da humanidade e fez-se “carne” (pessoa). O evangelista identifica claramente a “Palavra” com Jesus, o “Filho único cheio de amor e de verdade”, que veio ao encontro da humanidade. Em Jesus podemos contemplar o projeto ideal do ser humano. A “Palavra” “montou a sua tenda no meio de nós”. O verbo “skênéô” (“montar a tenda”) aqui utilizado alude à “tenda do encontro” que, na caminhada pelo deserto, os israelitas montavam nos seus acampamentos e que era o local da presença de Deus no meio do seu Povo (veja Ex 27,21; 28,43; 29,4…). Agora, a “tenda de Deus”, é Jesus. Quem quiser encontrar Deus e receber d’Ele vida em plenitude (“salvação”), a irá encontrar em Jesus.
A função dessa “Palavra” é acender a luz que ilumina o caminho da humanidade, possibilitando-lhe encontrar a vida verdadeira. Jesus Cristo vai, no entanto, deparar-se com a oposição à “vida/luz” que Ele traz. Ao longo do Evangelho, João irá contando essa história do confronto da “vida/luz” com o sistema injusto e opressor que pretende manter a humanidade prisioneira do egoísmo e do pecado. Recusar a “vida/luz” significa preferir continuar a caminhar nas trevas (que se identificam com a mentira, a escravidão, a opressão), independentemente de Deus; significa recusar chegar a ser homem/mulher pleno, livre, criação acabada e elevada à sua máxima potencialidade.
O acolhimento da “Palavra” implica a participação na vida de Deus. João diz mesmo que acolher a “Palavra” significa tornar-se “filho/a de Deus”. Começa, para quem acolhe a “Palavra”/Jesus, uma nova relação entre o homem/mulher e Deus, aqui expressa em termos de filiação: Deus dá vida em plenitude à humanidade.

2. MEDITATIO – meditação
  • Acolher a “Palavra” é deixar que Jesus nos dê a vida plena, a fim de nos tornarmos, verdadeiramente, “filhos/as de Deus”. Será que o Natal nos recorda este compromisso de acolher esta “Palavra”?
  • Ainda hoje a “Palavra” continua a confrontar-se com atitudes geradores de morte que procuram afastar-nos da verdadeira vida, como é que me posiciono perante tudo o que é contrário à vida plena?
  • Jesus é para nós a “Palavra” suprema que dá sentido à nossa vida, ou deixamos que outras “palavras” nos levem a procurar a felicidade por outros caminhos?
3. ORATIO – oração
A transformação da “Palavra” em “carne” é a espantosa aventura de um Deus que ama de uma forma incompreensível e que aceitou revestir-se da nossa humanidade a fim de nos dar vida em plenitude. Neste dia, somos convidados a contemplar, numa atitude de serena adoração, esse incrível passo de Deus, expressão extrema de um amor sem limites.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Contemple o presépio, atente naquele menino pequenino que é o filho de Deus que vem até nós para ser como nós.

5. MISSIO – missão
“O Natal não é uma festa só para crianças; é para todos. Se queremos entrar no reino dos céus temos de nos fazer como as crianças. O próprio Jesus, sendo tão grande, não desdenhou de se fazer menino.” José Allamano


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Lectio Divina de Mt 1, 18-24 - 4º Domingo do Advento

Por: Patrick Silva, imc

Ora, a origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José e, antes de passarem a conviver, ela encontrou-se grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu esposo, sendo justo e não querendo denunciá-la publicamente, pensou em despedi-la secretamente. Mas, no que lhe veio esse pensamento, apareceu-lhe em sonho um anjo do Senhor, que lhe disse: “José, Filho de Davi, não tenhas receio de receber Maria, tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: “Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus-conosco”. Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa. (Mateus 1,18-24)

1. LECTIO – Leitura

O quarto domingo de Advento conclui a preparação às festividades do Natal, esta última semana é a derradeira etapa deste percurso preparatório. Ao longo deste tempo foi proposto “preparar” o caminho do Senhor, talvez até já tenhamos comprados os presentes de Natal, mas será que já “preparamos” o “presente” para Jesus?

O texto que é proposto pertence ao chamado “evangelho da infância”. Não se trata de um relato jornalístico dos eventos acontecidos naquela época, pois o interesse do evangelista não era esse, mas sim uma catequese para recordar a vinda salvadora do filho de Deus. Para bem entendermos o texto, precisa também ter alguns dados culturais da época em relação à situação de Maria e José. O casamento hebraico considerava o compromisso matrimonial em duas etapas: havia uma primeira fase, na qual os noivos se prometiam um ao outro; só numa segunda fase surgia o compromisso definitivo (as cerimônias do matrimônio propriamente dito)… Entre as duas etapas poderia haver um tempo mais ou menos longo, durante o qual qualquer uma das partes podia voltar atrás, ainda que sofrendo uma penalidade. Durante a primeira fase, os noivos não viviam em comum; mas o compromisso que os dois assumiam tinha já um caráter estável, de tal forma que, se surgia um filho, este era considerado filho legítimo de ambos. A Lei de Moisés considerava a infidelidade da “prometida” como uma ofensa semelhante à infidelidade da esposa (veja Dt 22,23-27)… E a união entre os dois “prometidos” só podia dissolver-se com a fórmula jurídica do divórcio. Ora, segundo o texto que nos é proposto, José e Maria estavam na situação de “prometidos”: ainda não tinham celebrado o matrimônio, mas já se tinham comprometido.

Segundo a narração de Mateus, José descobriu que Maria estava grávida, ainda antes que tivessem celebrado o casamento. Como sabia não ser o pai do bebê que estava para chegar, resolveu abandonar Maria, em segredo; mas um anjo do Senhor apareceu-lhe em sonhos e esclareceu o mistério: “Aquele que vai nascer é fruto do Espírito Santo”. O anúncio do anjo a José (vs. 20-24) segue o esquema dos relatos do Antigo Testamento, em que se anuncia o nascimento de uma personagem importante (veja Jz 13): a) o anúncio está rodeado de sinais divinos; b) que provocam medo e espanto; c) o mensageiro divino anuncia qual será o nome e a missão da criança que vai nascer; d) dá-se um sinal que confirma o anúncio. O intuito deste esquema é vincular a personagem, desde o seu nascimento, com o projeto divino. Este mesmo esquema é, aliás, usado por Lucas para descrever o nascimento de João Baptista (veja Lc 1,5- 25). Neste episódio temos, portanto, não uma descrição de acontecimentos históricos, mas uma catequese sobre Jesus. Então, o que é que esta catequese procura ensinar? Fundamentalmente, procura mostrar que Jesus vem de Deus; qual a sua missão: o nome que lhe é atribuído mostra que Ele vem de Deus com uma proposta de salvação para a humanidade (“Jesus” significa “Deus salva”). Fica certo, também, que Ele é o Messias de Deus, da descendência de David, que os profetas anunciaram.

A figura de José desempenha aqui um papel muito interessante… O anjo dirige-se a ele como “filho de David” (v. 20) e pede-lhe que receba Maria e que coloque um nome na criança (v. 21). A imposição do nome é o rito através do qual um pai recebe uma criança como seu próprio filho. Assim, Jesus passa a fazer parte da família de David e a ser, naturalmente, a esperança para a restauração desse reino pelo qual todo o Povo ansiava. Pela obediência de José, realizam-se os planos e as promessas de Deus ao seu Povo.

2. MEDITATIO – meditação

• O que espero com a vinda de Jesus?

• O Natal tornou-se a festa do consumismo! O Natal para mim o que é? Será que também tenho contribuído para que o Natal seja apenas uma festa consumista? Como tem sido a minha preparação a este Natal?

• As personagens de Maria e José mostram duas pessoas abertas e disponíveis ao projeto de Deus. É essa a minha atitude de disponibilidade aos desafios de Deus? Sou capaz de dizer todos os dias “sim”, de forma a que, através de mim, Deus possa nascer no mundo e salvar a todos?

• José e Maria já tinham planos para a sua vida, porém, a vinda de Deus “perturbou” esses planos, aliás, causou uma mudança radical desses planos. Estarei disposto a que Deus mude os meus planos pessoais? Ou os mesmo planos pessoais estão acima de tudo?

3. ORATIO – oração
José e Maria são colocados aqui como modelos para nossa preparação ao Natal. Este casal permitiu que Deus mudasse a sua vida, deixaram de lados os seus projetos, talvez sonhos e aceitaram o projeto, o sonho de Deus. Na sua oração peça perdão pelas vezes em que busca apenas os seus projetos. Peça a Deus que o ajude a aceitar os planos que Deus reservou para você.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Contemple a personagem de José no silêncio. Não é homem de muitas palavras; um homem discreto e simples para a escritura. No entanto, é um exemplo pela disponibilidade em aceitar o projeto de Deus.

5. MISSIO – missão
“Precisamos de pessoas generosas, enérgicas e perseverantes. São dons que Deus concede a quem o ama. São características do missionário.” José Allamano

 

Os símbolos de Natal (parte 1)


Quantas imagens, quantos símbolos vem ocupar a nossa imaginação neste tempo de preparação ao Natal de Jesus. Vamos tentar resgatar o sentido de algumas destas imagens, procurando o sentido que elas têm com o mistério que celebramos no Natal.


1) A LUZ

O que chama a nossa atenção são, em primeiro lugar, as luzes. Não há um edifício, até árvores da rua que não sejam iluminados. Natal é a festa da luz.

Jesus nasce durante a noite, segundo a Tradição que se fundamenta nos versículos do livro da Sabedoria: “Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite mediava o seu rápido percurso, tua Palavra onipotente lançou-se, guerreiro inexorável, do trono real dos céus para o meio e uma terra de extermínio” (Livro da Sabedoria 18, 14-15). Jesus que nasce na noite é a Luz do mundo... “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas” (João 8, 12). E o velho Simeão, no dia da apresentação de Jesus no Templo, proclamará: “Meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos; luz para iluminar as nações” (Lucas 2, 30-32).

Assim, como o nascimento de Jesus é festejado durante a noite, é preciso iluminar a noite com velas acesas. Jesus vem para iluminar as nossas trevas: “Com a Palavra estava a Vida e a Vida era Luz dos homens. Essa luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram apagá-la. A luz verdadeira, aquela que ilumina todo homem, estava chegando ao mundo” (João 1, 4-5 e 9). Ele é o sol da justiça anunciado pelo Profeta Malaquias: “Mas para vocês brilhará o sol de justiça, que tem a cura em seus raios” (Malaquias 3, 20).

Têm o mesmo sentido as bolas coloridas que penduramos nas árvores de Natal. Elas iluminam de todas as cores e espalham a alegria. Seria bom se nós colocássemos bolas das cinco cores dos cinco continentes: verde da África, branco da Europa, amarelo da Ásia, azul da Oceania e vermelho das Américas. Jesus é a luz de todas as nações.


2) A ESTRELA

A estrela é outro símbolo de luz, mas ela é também na esperança messiânica dos Judeus, um sinal do Messias. De fato lemos no livro dos Números a profecia de Balão: “Eu o vejo, mas não é agora; eu o contemplo, ãs não de perto: uma estrela avança de Jacó, um cetro se levanta de Israel” (Números 24, 17).

Assim os intérpretes dos Livros Sagrados sempre entenderam que o Messias que Deus enviaria para guiar o seu povo, seria como uma estrela. Nós também hoje dizemos de uma pessoa que ela é uma estrela quando ela se destaca no meio das outras, quando ela tem bastante liderança. Falamos também de alguém cuja fama vai aumentando que “sua estrela está subindo”. Assim, no meio dos Judeus, a estrela se tornou o símbolo do líder que Deus haveria de enviar para governar o seu povo. Como o Evangelista Mateus queria afirmar aos Judeus que Jesus de Nazaré foi bem o Messias esperado, ele escreveu que a sua estrela foi vista: “Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judéia, no tempo do rei Herodes, alguns Magos do Oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram: onde está o recém-nascido rei dos Judeus? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos para prestar-lhe homenagem... Depois que ouviram o rei, eles partiram. E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia diante deles, até que parou sobre o lugar onde estava o menino... Ao verem de novo a estrela, os Magos ficaram radiantes de alegria” (Mateus 2, 1-2 e 9-10).

Para Mateus Jesus não é somente o Messias, o Líder dos Judeus, Ele é também o Messias, o Líder universal.

Todos nós somos convidados a seguir a estrela que é Jesus se nós quisermos encontrar o caminho que leva ao Pai: “Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mateus 11, 27).

Bom é notar que no livro de Mateus, os Magos não são nem três, nem reis. São tradições que vieram mais tarde, na tentativa de dar mais detalhes ao acontecimento narrado por Mateus. Esta tradição se apóia no Salmo 72: “Todos os reis se prostrarão diante dele. Que ele viva e lhe seja dado o ouro de Sabá” (Salmo 72, 10-11 e 15). Também o profeta Isaías tem palavras semelhantes: “Uma horda de camelos te inundará, todos virão de Sabá, trazendo ouro e incenso” (Isaías 60, 6). Ademais, na Mesopotâmia (Oriente), os magos eram como astrólogos, estudiosos dos sinais nas estrelas e astros para guiar os reis nas suas decisões e os povos no caminho da prosperidade.

3) A ÁRVORE

O Messias vem par devolver a Vida, e a Vida plena à Humanidade que não soube guardar os caminhos da Vida. No jardim de Éden, a Vida era transmitida por uma árvore, a árvore da Vida: “Deus disse: o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal. Que ele agora não estenda a mão e colha também da árvore da Vida, e coma, e viva para sempre... Deus expulsou o homem do jardim e colocou diante do jardim os Querubins para guardar o caminho da árvore da vida” (Gênesis 3, 22-24).

Jesus é a árvore da vida, pois é dele que podemos agora receber a vida em plenitude. “Eu sou a verdadeira videira e vocês são os ramos... o ramo que não permanecer unido ao tronco não dá fruto. Ele será cortado e jogado ao fogo, Sem mim nada podeis fazer” (João 15, 1-6).

O Reino de Deus é também uma árvore, frondosa e grande onde os pássaros do céu podem se aninhar (Mateus 13, 32). O justo é como uma árvore plantada na beira do rio: “dá fruto no tempo devido e suas folhas nunca murcham” (Salmo 1, 3).

Quando o reino de Deus for totalmente realizado, então a árvore da Vida estará de novo no meio do jardim, e haverá outras árvores plantadas na beira das águas e estas árvores estarão cheias de vida. “No meio da praça, de cada lado do rio, estão plantadas árvores da vida; elas dão frutos doze vezes por ano; todo mês elas frutificam; suas folhas servem para curar as nações” (Apocalipse 22, 2).Na Europa. A festa de Natal sempre ocorre em pleno inverno, época em que as árvores, na sai maioria, perdem a sua folhagem e ficam desnudadas durante vários meses. A única árvore a permanecer verde é o pinho, e as árvores de sua espécie. Por isso a árvore de Natal é geralmente um pinho: árvore que permanece verde e simboliza a Vida que não se acaba, a Vida trazida por Jesus: “Eu vim para todos tenham vida e vida em abundância” (João 10, 10).

...continuaremos com outros símbolos na próxima semana
aguarde e confira!!!

sábado, 11 de dezembro de 2010

O feitiço contra o feiticeiro *

Por: FERNANDO KITZINGER DANNEMANN

Certo dia o rato do campo chegou à beira da lagoa, a fim de matar a sede. O tempo era de colheita, e por isso o roedor estava gordo, muito gordo, resultado do tanto se fartar na seara alheia, dia sim e outro também. Ao vê-lo aproximar-se uma rã encheu-se de idéias tenebrosas e por isso chegou-se ao recém-chegado e iniciou com ele uma conversa em que falava das belezas e maravilhas com que o lago encantava seus moradores, coisas que os animais não-aquáticos infelizmente não podiam ver. Nesse momento, assim como se de repente ela tivesse descoberto algo em que ainda não havia pensado, a rã convidou o rato a conhecer sua casa, que não ficava distante dali, para confirmar a veracidade do que afirmava.

Este, curioso como são todos os da sua espécie, animou-se de pronto com aquela sugestão, mas logo em seguida ponderou que tal visita era impossível, uma vez que ele, ao contrário de sua companheira, sendo péssimo nadador, não teria como acompanhá-la no percurso a ser feito dentro d’água. Mas a rã não se deu por achada, e retrucou que se o problema era aquele, então já estava resolvido. E indo até o mato que crescia ao lado de onde os dois estavam, trouxe de lá um pedaço de palha seca com o qual amarrou a perna direita do rato à sua perna esquerda. Isso feito, os dois então entraram n’água.

Assim que se afastaram alguns metros da margem a rã tentou mergulhar e chegar ao fundo, certa de que dessa forma afogaria o rato, mas este, percebendo a má-intenção da criatura a que se achava amarrado, resistiu o quanto pode, debatendo-se na superfície com todo o vigor e energia que conseguia reunir. E como ele lutava energicamente para manter-se à tona, a rã não conseguia fazê-lo submergir com a rapidez desejada, e assim ficaram os dois, uma puxando para baixo, e o outro dando braçadas desesperadas, espargindo, com isso, água em todas as direções.

Foi quando um gavião de vista aguçada sobrevoou a região, e percebendo que o rato já quase sendo engolido pelas águas não tinha como lhe escapar, lançou-se sobre ele como uma flecha, prendeu-o firmemente em suas garras e ganhou altura novamente, carregando consigo não só a presa capturada, mas junto com ela a rã mal intencionada. E assim, lá se foi a ave voando rumo a seu canto, satisfeita por ter garantido de uma só vez, carne e peixe para a sua ceia.

Moral da história: Às vezes, quando a maldade é muita, acontece do feitiço virar contra o feiticeiro.

* Baseado em uma história de La Fontaine.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Lectio Divina do texto de Mt 11,2-11 - 3º Domingo do Advento

Por: Patrick Silva, imc

Ora, João Batista, estando na prisão, ouviu falar das obras do Cristo e mandou alguns discípulos para lhe perguntar: “És tu, aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?” Jesus respondeu-lhes: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: cegos recuperam a vista, paralíticos andam, leprosos são curados, surdos ouvem, mortos ressuscitam e aos pobres se anuncia a Boa-Nova. E feliz de quem não se escandaliza a meu respeito!” Enquanto os enviados se afastavam, Jesus começou a falar às multidões sobre João: “Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Olhai, os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim, eu vos digo, e mais do que profeta. Este é de quem está escrito: ‘Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho diante de ti’. Em verdade, eu vos digo, entre todos os nascidos de mulher não surgiu quem fosse maior que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele. (Mateus 11,2-11)

1. LECTIO – Leitura
O terceiro domingo do Advento é conhecido como o “domingo da alegria”, este nome vem do convite que trás a primeira leitura à alegria. A personagem principal do evangelho continuará sendo João Batista. O capítulo 11 do evangelho marca uma nova seção no texto de Mateus, até agora o evangelista se esforçou por mostrar o anúncio do “reino dos céus”, a partir de agora vai mostrar como Jesus o “reino dos céus” é manifestado nas ações e gestos de Jesus. O episódio começa com a informação de que João Batista está na prisão e com a pergunta que os seus enviados fazem a Jesus. João Baptista fora preso por ordem de Herodes Antipas, a quem o Baptista havia criticado por viver com a própria cunhada. A pergunta dos enviados de João tem como objetivo esclarecer se Jesus é o Messias ou se devem continuar esperando. A pergunta não é sem sentido. João esperava um Messias que viesse lançar fogo, castigar os maus e os pecadores, dar início ao “juízo de Deus” (veja Mt 3,11-12); e, ao contrário, Jesus aproximou-Se dos pecadores, dos marginais, dos impuros, estendeu-lhes a mão, mostrando-lhes a misericórdia de Deus. João e os seus discípulos estão perplexos com a atuação de Jesus, que os deixa um tanto confusos: será que Jesus é mesmo o Messias ou um outro deve ser aguardado? ?O texto de Mateus procura também dar uma resposta aos discípulos de Jesus que por aquela data ainda estavam “ativos”, dizendo-lhes que Jesus é o verdadeiro Messias e que devem se juntar ao grupo dos seus discípulos.

O texto é facilmente dividido em duas partes… Na primeira, Jesus responde à pergunta de João e dá a entender que Ele é o Messias (vs. 2-6); na segunda, temos a opinião de Jesus sobre a figura João Batista(vs. 7-11). A resposta de Jesus dá a entender que ele tem consciência de ser o Messias. Na sua resposta, Jesus recorre a uma série de citações do profeta Isaías que definem a ação do Messias enviado de Deus: dar vida aos mortos (veja Is 26,19), curar os surdos (veja Is 29,18), dar vista aos cegos, dar liberdade de movimentos aos coxos (veja Is 35,5-6), anunciar a Boa Nova aos pobres (veja Is 61,1). Ora, se Jesus realizou tais obras (veja Mt 8-9), é porque Ele é o Messias.

Na segunda parte, temos a declaração de Jesus sobre o Baptista. Mateus utiliza um recurso retórico muito conhecido: uma série de perguntas que convidam os ouvintes a dar uma resposta concreta. A resposta às duas primeiras questões é, evidentemente, negativa: João não é um pregador oportunista. A resposta à terceira é positiva: João é um profeta e mais do que um profeta. A declaração, que começa com uma referência à Escritura (veja Ex 23,20; Mal 3,1) pretende clarificar qual a relação entre ambos e o lugar de João no “Reino”: João é o precursor do Messias; é “Elias”, aquele que tinha de vir antes, a fim de preparar o caminho para o Messias (veja Mal 3,23-24)… No entanto, aqueles que entraram no “Reino” através do seguimento de Jesus são mais do que Ele.

2. MEDITATIO – meditação
Os “sinais” que Jesus realizou devem ser agora continuados pelos seus discípulos e discípulas. São muitos os “surdos”, “mudos” “coxos”, “mortos” que esperam uma palavra de salvação. Será que estou comprometido neste anúncio e agir salvífico?

Mais uma vez, somos interpelados e questionados pela figura de João Batista… Ele não é alguém que vai com as “modas”… Mas é um profeta, que recebeu de Deus uma missão e que procura cumpri-la, com fidelidade e sem medo. A minha vida e o meu testemunho profético também são assim ou vou ao sabor das tendências?

A “dúvida” de João acerca de Jesus ser ou não o Messias revela a honestidade deste homem, que ficou procurando a verdade. Devemos ter medo daqueles que têm certezas inamovíveis, que estão absolutamente certos das suas verdades. Sou capaz de me interrogar? Capaz de ouvir as dúvidas dos outros? Sou capaz de dialogar?

3. ORATIO – oração
A missão hoje deixou de ser tendência, de ser moda, mesmo assim, somos convidados a nos sentir engajados neste anúncio libertador do Reino de Deus que vem ao encontro de todos, sem qualquer tipo de exceção. Na sua oração ore para que se torne cada vez mais missionário em sua oração e ação.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
A figura de João Batista é de novo proposta como exemplo para nossa caminhada de advento. O tempo está se completando. Contemple este mistério de Deus que vem, às vezes, agindo de um jeito que não pensávamos fosse possível.

5. MISSIO – missão
“Uma das principais qualidades do missionário é a determinação e a força de vontade. Para ser verdadeira missionário é preciso ter vontade firme e ser constante. Deus não tolera as meias-vontades; estas jamais conseguirão realizar coisa alguma.” José Allamano

Disponível semanalmente em http://www.consolata.org.br/

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Cristo Luz e as quatro velas

Por: Fernando Altemeyer Jr.


Advento é tempo especial de preparação nas famílias e comunidades - Significado das 4 velas do Advento




Faz-se com ramos de pinheiro uma coroa ou guirlanda ornada de quatro velas para preparar o nascimento do menino Deus que nasce em favor da humanidade. Cada vela da Coroa de Advento tem um significado especial. As velas simbolizam as grandes etapas da salvação em Cristo, o Deus Encarnado. Este tempo é tempo especial de alegre expectativa, pois estamos às vesperas de um parto.

A primeira vela é a “Vela da Esperança”.
O que é Esperança?

Esperança significa que cremos fortemente naquilo que estamos esperando sempre: Deus conosco! A primeira vela simboliza o perdão a Adão e Eva. Em 2010, a leitura da Igreja é do Evangelho de Mateus 24,37-44 chamando à vigilância.

A segunda vela é a “Vela da paz”.
O que é Paz?

Paz significa que não é tão importante ganhar ou ser melhor,pelas armas, pelo poder ou pelo dinheiro. O decisivo é que todos nós estejamos ligados e ajudemo-nos uns dos outros. Esta vela representa a fé dos patriarcas. Em 2010, a leitura da Igreja é do Evangelho de Mateus 3, 1-12 com a mensagem de João Batista, o precursor.

A terceira vela é a “Vela da Alegria”.
O que é a Alegria?

Alegria é como o sorriso interior, o mais profundo dentro de nós, porque sabemos que Deus é bom para conosco e que cristianismo deve rimar com felicidade. E só podemos ter alegria quando também somos capazes de propagar alegrias. A vela representa a alegria do rei David e celebra a aliança permanente com Deusna vida.
A terceira vela têm uma cor mais alegre (gaudete), o rosa, para distinguí-la das outras mais sóbrias. Em 2010, a leitura da Igreja é do Evangelho de Mateus 11,2-11 quando Jesus fala do Batista.

A quarta vela é a “Vela do Amor”.
O que é Amor?

Dispor-se a amar o outro como a si mesmo. Alegrar-se com a alegria dos irmãos e crer nos sonhos de um novo amanhecer. A última vela simboliza o ensinamento dos profetas, que anunciam o reino de justiça, paz e amor. Aqui sentimo-nos às portas do grande acontecimento: Deus que dá Deus. Em 2010, a leitura da Igreja é do Evangelho de Mateus 1,18-24 que fala da origem de Jesus Cristo.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

As quatro velas do Advento

Por: Francisco Rubeaux, omi

  Quatro velas se consomem lentamente. Se você for calmo, você poderá ouvi-las falar.

A primeira diz: “Eu sou a PAZ”. Ninguém mais quer receber a minha luz. Então, é melhor ir embora. E a sua chama se torna cada vez menor até desaparecer!

A segunda diz: “Eu sou a CONFIANÇA”. Entre nós quatro, eu sou a mais ferida e não tem mais sentido para eu continuar a me consumir. Depois que falou, um sopro leve apagou a chama.

Espontaneamente a terceira falou: “Eu sou o AMOR”. Eu não tenho mais força, as pessoas me deixam de lado e não entendem a minha importância. Muitas vezes até esquecem-se de amar os que ficam perto delas. E esta chama também desapareceu

Então uma criança entrou na sala e viu que três velas estavam apagadas. Mas porque elas estão apagadas?

A criança ficou muito triste, então a quarta vela falou: “Não tenha medo, pois enquanto eu estiver acesa, poderemos acender as três outras velas: ‘Eu sou a ESPERANÇA’!
Com olhos brilhantes, a criança apanhou a vela da esperança e reacendeu as três outras...

A chama da esperança deve sempre estar conosco a fim de que possamos preservar: confiança, paz e amor em todos os momentos.

Lectio Divina do texto de Mt 3,1-12 - 2º Domingo do Advento

Por: Patrick Silva, imc

Naqueles dias, apresentou-se João Batista, no deserto da Judéia, proclamando: “Convertei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo”. É dele que falou o profeta Isaías: “Voz de quem clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para ele”. A veste de João era feita de pêlos de camelo, e ele usava um cinto de couro à cintura; o seu alimento era gafanhotos e mel silvestre. Então Jerusalém, toda a Judéia e toda a região do Jordão saíam à sua procura e, confessando os seus pecados, eram por ele batizados no rio Jordão. Quando viu que muitos dentre os fariseus e os saduceus vinham para o batismo, João lhes disse: “Víboras que sois, quem vos ensinou a fugir da ira que está para chegar? Produzi fruto que mostre vossa conversão. Não penseis que basta dizer: “Nosso pai é Abraão”, pois eu vos digo: destas pedras Deus pode suscitar filhos para Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores. Toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada ao fogo. Eu vos batizo com água, para a conversão. Mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu não sou digno nem de levar suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele traz a pá em sua mão e vai limpar sua eira: o trigo, ele o guardará no celeiro, mas a palha, ele a queimará num fogo que não se apaga”. (Mateus 3,1-12)

1. LECTIO – Leitura
A segunda semana deste tempo de Advento vira suas atenções na figura de João Batista. Uma personagem estranha e provocadora. Um homem vestido de uma forma esquisita, que se alimenta estranhamente, que vive no deserto, daí profere sua mensagem, que atrai muitas pessoas, mas que “incomoda” muitas com suas denúncias, assim é a figura de João Batista. A apresentação de João Batista, no evangelho de Mateus, aconteceu após o chamado “evangelho da infância”. João Baptista é apresentado como o percursor, como o preparador para a vinda do Messias. A mensagem de João estava apelava à conversão; incluía um rito de purificação pela água (trata-se de um ritual frequente entre alguns grupos judeus da época).

Os primeiros cristãos identificaram João com o mensageiro anunciado em Isaías 40,3 e com Elias (2 Reis 1,8) que, segundo a tradição judaica, anunciaria a chegada do Messias. Deste modo, João seria o precursor que vem preparar o caminho e Jesus o Messias, enviado por Deus para anunciar o reinado de Jahwéh.

A figura do Baptista é uma figura que questiona e interpela. João aparece ligado ao deserto (o lugar das privações, do despojamento, mas também o lugar tradicional do encontro entre Jahwéh e Israel). Veste-se de “uma veste tecida com pêlos de camelo e uma cintura de cabedal à volta dos rins” (é dessa forma que se vestia, também, Elias – veja 2 Re 1,8). Se alimenta de um modo frugal (de “gafanhotos e mel silvestre”). Todo o seu estilo está em contraposição com as autoridades da sua época, as quais preferiam circular pelo Tempo de Jerusalém, vestir-se de roupas elegantes e alimentar-se em grandes banquetes. João é, portanto, alguém que – não só com palavras, mas também com o seu próprio estilo – questiona um certo jeito de viver, voltado para as coisas, para os bens materiais, para o “ter”. Convida a uma conversão, a uma mudança de valores, a esquecer o supérfluo, para dar atenção ao essencial.

O que é que João prega? O evangelista Mateus resume o anúncio de João numa frase: “convertei- vos (do grego – “metanoeite”), porque está perto o Reino dos céus” (vers. 2). O verbo grego “metanoéo” aqui utilizado tem, normalmente, o sentido de “mudar de modo de pensar”; porém, neste caso, deve também ser visto na perspectiva do Antigo Testamento – isto é, como um apelo a um retorno incondicional ao Deus da Aliança. Por qual motivo a “conversão” é urgente? A resposta é simples: o “Reino dos céus” está perto. João entendia esta vinda de Deus, como uma vinda “justiceira”, onde os maus seriam aniquilados e os bons entrariam no Reino. Esta é uma visão típica da época.

Quem são os destinatários desta mensagem? Aparentemente, é uma mensagem destinada a todos. Mateus fala da “gente que acorria de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a região do Jordão” e que era batizada “por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados” (vers. 5-6). No entanto, Mateus faz uma referência especial aos fariseus e saduceus, para quem João tem palavras duríssimas: “raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Praticai ações que se conformem ao arrependimento que manifestais. Não penseis que basta dizer: «Abraão é nosso pai»…” (vers. 7-9). Trata-se de pessoas que vêm ao encontro de João; no entanto, sentem que o “juízo de Deus” não os atingirá porque eles são filhos de Abraão, são membros privilegiados do Povo eleito e estão do lado dos bons: Deus não terá outro remédio senão salvá-los, quando vier para julgar o mundo e condenar os maus. João avisa que não há salvação assegurada. Neste texto aparece também, em relevo, um rito praticado por João. Consistia na imersão na água do rio Jordão das pessoas que aderiam a esse apelo à conversão. Era, aliás, um rito praticado em certos ambientes judaicos para significar a purificação do coração . O batismo de João significava o arrependimento, o perdão dos pecados e a agregação ao “resto de Israel”, subtraído à ira de Deus.

No entanto, João avisa: “aquele que vem depois de mim (…) batizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo” (vers. 11). De fato, o batismo de Jesus vai muito além do batismo de João: confere a quem o recebe a vida de Deus (Espírito) e torna-o “filho de Deus”; implica, além disso, uma incorporação na Igreja (a comunidade dos que aderiram à proposta de salvação que Cristo trouxe) e a participação ativa na missão da Igreja. Não significa, apenas, o arrependimento e o perdão dos pecados; significa um quadro de vida completamente novo, uma relação de filiação com Deus e de fraternidade com Jesus e com todos os outros batizados.

2. MEDITATIO – meditação
O elemento central do evangelho é a conversão. Não é possível acolher “aquele que vem” se o nosso coração estiver cheio de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de preocupação com os bens materiais… É preciso, portanto, uma mudança; é preciso um despojamento de tudo o que rouba espaço ao “Senhor que vem”. Para que a mudança ocorra é preciso estar disposto a deixar o “nosso jeito” para acolher o “jeito de Deus”, estou disposto a tal?

O “Reino” é simplicidade, partilha … São esses valores que eu cultivo? Quais são as minhas prioridades?

O evangelho afirma que não basta ser “filho de Abraão” para ter acesso à salvação de Jesus, mas é preciso viver uma vida de fidelidade a Deus. Sou fiel à proposta de Jesus?

3. ORATIO – oração
O advento nos recorda a necessidade de mudança, questiona nosso estilo de viver. Na sua oração peça a Deus a coragem de se dispor à mudança. Com o passar dos anos fica sempre mais difícil mudar, vamos nos habituando a viver de um jeito, que depois não vemos novos caminhos. Porém, os caminhos de Deus exigem estar disposto a mudar para entrar no “Reino”.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
A figura de João Batista é provocador para o nosso estilo de vida, contemple esta figura e se deixe “incomodar” pelo seu jeito, pelas suas palavras, pelas suas ações.

5. MISSIO – missão
“Devemos formar-nos no espírito de simplicidade. Quem é sincero e simples pensa, fala e procede segundo a verdade, sem artifícios nem fingimentos.” José Allamano

Disponível semanalmente em http://www.consolata.org.br/
 

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Advento

“Ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima!”

Por: Francisco Rubeaux, omi *

Com o último domingo do mês de novembro vamos iniciar um novo ano litúrgico. De maneira cíclica, cada ano, revivemos os grandes momentos da história da nossa salvação. O tempo do Advento tem por objetivo de nos colocar nas mesmas atitudes, e mesmos sentimentos que estavam muitas pessoas antes do nascimento de Jesus Cristo. Por isso três pessoas se destacam neste tempo de Advento: o Profeta Isaías, João, o Batista e Maria de Nazaré.

1.  Isaías pronunciou muitas profecias em relação ao Messias. Estes oráculos são reunidos nos capítulos 6 a 12 do livro de Isaías, que são chamados “Livro do Emanuel”. O Profeta proclama que Deus não abandona o seu Povo, porque Ele é o “Deus conosco” (= Emanuel). Esta presença amorosa de Deus, sempre ao nosso lado, o Profeta a vê numa criança que será ungida (=Messias). No contexto histórico da época de Isaías, o Profeta se refere, provavelmente, ao nascimento do futuro rei Ezequias. O seu nascimento foi visto como uma prova que Deus não abandonava a dinastia de Davi, mas que sempre cuidaria que houvesse no trono de Judá um descendente de Davi. 
A primeira profecia é muito conhecida: “Eis que a virgem dará á luz um filho e ele será chamado: Emanuel- Deus conosco (Isaías 7, 14). Mateus retomou esta profecia para falar do nascimento virginal de Jesus (Mateus 1, 22-23).
A segunda profecia é lida ainda hoje como primeira leitura de missa de Natal: “O Povo que andava nas trevas viu uma grande luz, um menino nasceu, um filho nos foi dado” (Isaías 9, 1).
A terceira profecia descreve a missão desta criança quando crescer: “Um ramo sairá do tronco de Jessé, sobre ele repousará o Espírito de Deus (Isaías 11, 1).
Jesus será a prova clara e evidente que Deus não abandona o seu Povo, ao contrário lhe revela o seu amor, enviando o seu próprio Filho que manifestará este amor do pai pela sua misericórdia e compaixão. A Encarnação é a plena certeza de que Deus nos quer bem: “Glória a Deus e paz na terra aos homens que Ele ama” (Lucas 2, 14).

2.  A outra pessoa que marca este tempo de Advento é João Batista, o maior entre todos os Profetas. Ele espera também a vinda do enviado de Deus, preparando os seus caminhos, preparando os corações para acolher “Aquele que vinha em nome do Senhor”. Além de anunciar a chegada próxima do Messias, ele teve a alegria de designá-lo: “Eu não o conhecia... mas agora eu vi e dou testemunho que é ele: eis o cordeiro de Deus (João 1, 31. 34. 36). Para João sua alegria foi comparável à alegria do amigo do esposo: “Quem tem a esposa é o esposo, mas o amigo do esposo que está presente e o ouve, é tomado de alegria à voz do esposo. Essa é a minha alegria, e ela é completa” (João 3, 29).

3.  Sem dúvida nenhuma a maior e mais profunda espera foi de Maria de Nazaré. Ela esperava que um dia Deus atenderia os apelos do seu Povo por libertação, era a mística (espiritualidade dos “Pobres de Javé”, os anawim). Mas ela viveu a espera de uma mãe, durante nove meses esperando a criança nascer. Foi a espera de todas as mães até hoje. O Evangelista Lucas que mais nos fala de Maria, silenciou os sentimentos maternos de Maria na espera do nascimento do seu filho. Mas nos deu de conhecer estes sentimentos pelas palavras que ele empresta a Maria no seu hino de louvor: “Minha alma engrandece o Senhor e meu espírito exulta em Deus meu Salvador. Sim sua misericórdia perdura de geração em geração, santo é seu nome” (Lucas 1, 46 e 50).
Neste tempo de Advento são estes sentimentos que precisamos reavivar em nós: a confiança que nasce da certeza de que Deus nunca abandona o seu Povo, principalmente o seu povo empobrecido e sofrido. Deus é fiel, não falha nem falta. Temos que aprender a reconhecer os sinais que nos provam esta presença misericordiosa. Ele está no meio de nós, Ele caminha conosco, é o motivo de nossa alegria: “Alegrem-se sempre no Senhor, eu repito alegrem-se” (Filipenses 4, 4). Nossa alegria não é só de esperar sabendo que Deus não falha, mas é alegria se confessar (proclamar0 que de fato Ele veio na pessoa de Jesus de Nazaré e que ele há de vir de novo na sua glória para nos chamar a partilhar plenamente de sua vida. Então sim a nossa alegria será completa e “ninguém poderá tirar dos nossos corações esta alegria” (João 16, 22).

Possamos entrar nos mesmos sentimentos de Isaías, João Batista e Maria e viver com intensidade este tempo de Advento.



sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Águia e as Galinhas

Um camponês criou um filhote de águia junto com suas galinhas.

Tratando-a da mesma maneira que tratava as galinhas, de modo que ela pensasse que também era uma galinha.

Dando a mesma comida jogada no chão, a mesma água num bebedouro rente ao solo, e fazendo-a ciscar para complementar a alimentação, como se fosse uma galinha.

E a águia passou a se comportar como se galinha fosse.

Certo dia, passou por sua casa um naturalista, que vendo a águia ciscando no chão, foi falar com o camponês:
- Isto não é uma galinha, é uma águia !

O camponês retrucou:
- Agora ela não é mais uma águia, agora ela é uma galinha !

O naturalista disse:
- Não, uma águia é sempre uma águia, vamos ver uma coisa...

Levou-a para cima da casa do camponês e elevou-a nos braços e disse:
- Voa, você é uma águia, assuma sua natureza !

Mas a águia não voou, e o camponês disse :
- Eu não falei que ela agora era uma galinha !

O naturalista disse:
- Amanhã, veremos...

No dia seguinte, logo de manhã, eles subiram até o alto de uma montanha.

O naturalista levantou a águia e disse :
- Águia, veja este horizonte, veja o sol lá em cima, e os campos verdes lá em baixo, veja, todas estas nuvens podem ser suas.

Desperte para sua natureza, e voe como águia que és...

A águia começou a ver tudo aquilo, e foi ficando maravilhada com a beleza das coisas que nunca tinha visto, ficou um pouco confusa no início, sem entender o porquê tinha ficado tanto tempo alienada.

Então, ela sentiu seu sangue de águia correr nas veias, perfilou, de vagar, suas asas e partiu num vôo lindo, até que desapareceu no horizonte azul.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Lectio Divina do texto de Mt 24,37-44 - 1º Domingo do Advento - ANO A

Por: Patrick Silva, imc

A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. Nos dias antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, homens e mulheres casavam-se, até o dia em que Noé entrou na arca. E nada perceberam até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada. Vigiai, portanto, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. “Ficai certos: se o dono de casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que sua casa fosse arrombada. Por isso, também vós, ficai preparados! Pois na hora em que menos pensais, virá o Filho do Homem. (Mateus 24,37-44)

1. LECTIO – Leitura

E de novo recomeçamos o ciclo! A liturgia propõe a cada ano um ciclo que nos faz seguir os passos de Jesus, desde o seu nascimento até à sua morte e ressurreição. Com este domingo damos início à caminhada de mais um ano litúrgico. Como no início de toda a caminhada é sempre pensar em quais os objetivos se pretende alcançar, creio que não estamos muito habituados a esta maneira de pensar no campo da espiritualidade, mas esta é mais uma oportunidade para progredirmos em nossa vida espiritual.

Os capítulos 24 e 25 do evangelho de Mateus apresentam o quinto e último discurso de Jesus. A questão central deste discurso é a vinda do Filho do homem e das atitudes que devem ser adotadas pelos discípulos para preparar esta vinda. Mateus escreve por volta da década de 80, dez anos se passaram após a destruição da cidade de Jerusalém, a comunidade continua esperando a segunda vinda de Jesus, que parece tardar… As comunidades cristãs estão desanimadas e desiludidas… O evangelista observa com preocupação os sinais de desleixo, de esfriamento que começam a serem evidentes nas comunidades e sente que é preciso renovar a esperança. Assim, Mateus usa as palavras de Jesus para animar a comunidade. Oferecendo uma certeza: a vinda do “Filho do homem” é uma certeza, até que se concretiza, todos são convidados a preparar-se para este grande evento. A linguagem destes capítulos é estranha e enigmática… É a linguagem “apocalíptica”, seu objetivo é “revelar algo escondido” (a palavra “apocalipse” significa “revelação”. Na Sagrada Escritura é uma linguagem usada para comunidades que vivem situações de sofrimento, perseguição, com o intuito de ser motivo de ânimo e esperança.

Para o evangelista, a vinda do Senhor é certa, embora ninguém saiba o dia nem a hora (veja Mt 24,36); aos cristãos resta permanecer vigilantes, preparados e comprometidos… Mateus usa três exemplos para iluminar a sua catequese… O primeiro (37-39) é o exemplo da época de Noé: as pessoas viviam uma vida descomprometida; quando o dilúvio chegou, apanhou-as de surpresa e impreparadas… O segundo (40-41) apresenta duas situações da vida quotidiana: o trabalho agrícola e a moagem do trigo… Os compromissos e trabalhos necessários à subsistência da pessoa também não podem ocupá-la de tal forma que a levem a negligenciar o essencial: a preparação da vinda do Senhor. O terceiro (43-44) coloca-nos frente ao exemplo do dono de uma casa que adormece e deixa que a sua casa seja roubada pelo ladrão… Os cristãos não podem, nunca, adormecer e esquecer que a vinda do Senhor acontecerá num dia e numa hora que ninguém conhece. A questão fundamental é, portanto, estar sempre vigilante, atento, preparado, para acolher o Senhor que vem. São muitas as situações que podem fazer perder a oportunidade de acolher o Senhor que vem. Portanto, é tempo de estar vigilantes e atentos que é certo que o Senhor virá.

2. MEDITATIO – meditação

O que significa vigiar e ficar atentos para acolher o Senhor? Significa, fundamentalmente, acolher todas as oportunidades de salvação que Deus nos oferece continuamente… É um convite a realizar a missão que nos foi confiada por Deus da melhor maneira que nos é possível. É isso que estou realizando?

O Evangelho recorda alguns motivos que nos impedem de “acolher o Senhor que vem”… Fala de não ter tempo nem espaço para Deus; fala do viver obcecado com o trabalho, esquecendo tudo o mais; fala do adormecer, do instalar-se, não prestando atenção às realidades mais essenciais. E eu: o que é que na minha vida me distrai do essencial e me impede, tantas vezes, de estar atento ao Senhor que vem?

Neste tempo de preparação para a celebração do nascimento de Jesus, sou convidado a “recentrar” a minha vida no essencial, a redescobrir aquilo que é importante, a estar atento às oportunidades que o Senhor, dia a dia, me oferece, a acordar para os compromissos que assumi para com Deus e para com os irmãos, a empenhar-me na construção do “Reino”…

3. ORATIO – oração

Em nosso dia a dia tão corrida são muitas as vezes em que nos falta tempo para o essencial, corremos muito, talvez até demais, mas será que estamos apostando no mais importante? Em sua oração peça perdão pelas oportunidades de salvação perdidas. No entanto, agradeça a Deus que sempre vem ao encontro.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Deus vem, esta é a certeza que consola o coração. No silêncio sinta este Deus que se aproxima.

5. MISSIO – missão
“É muito importante que nos preparemos bem para o Natal. Por isso, mergulhemos a fundo no espírito do Advento e digamos com fervor: ‘Vinde, Senhor Jesus’” José Allamano

Disponível semanalmente em www.consolata.org.br

 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Papa justifica o preservativo em alguns casos, mas confirma o Magistério


Esclarecimento vaticano às palavras que aparecerão em seu livro-entrevista

Por Jesús Colina * 

CIDADE DO VATICANO, domingo, 21 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – As palavras de Bento XVI no livro-entrevista a ser lançado reconhecem o uso do preservativo em “casos singulares justificados”. De qualquer forma, não supõem “uma mudança revolucionária” no ensinamento da Igreja; são uma confirmação de seu Magistério, esclareceu a Santa Sé.

É o que explica o padre Federico Lombardi S.J., diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, em um comunicado emitido este domingo, para comentar a grande quantidade de informação veiculada no mundo após o L’Osservatore Romano antecipar nesse sábado algumas palavras que o Papa dedica ao tema da sexualidade, no livro-entrevista “Luz do mundo”.

Ao final do capítulo décimo do volume, realizado pelo escritor e jornalista alemão Peter Seewald, que chega às livrarias no dia 23 de novembro em vários idiomas, o pontífice responde a duas perguntas sobre a luta contra a SIDA/AIDS e o uso do preservativo, que se remontam à discussão que seguiu às palavras pronunciadas pelo Papa no avião que o levava a Camarões e Angola, a 17 de março de 2009.

Com as declarações que o livro publica – esclarece o porta-voz vaticano –, “o Papa não reforma ou muda o ensinamento da Igreja, mas o reafirma, colocando-se na perspectiva do valor e da dignidade da sexualidade humana, como expressão de amor e responsabilidade”.

“Ao mesmo tempo – acrescenta –, o Papa considera uma situação excepcional em que o exercício da sexualidade representa um verdadeiro risco para a vida do outro. Nesse caso, o Papa não justifica moralmente o exercício desordenado da sexualidade, mas considera que a utilização do preservativo para diminuir o perigo de contágio é ‘um primeiro ato de responsabilidade’, ‘um primeiro passo para o caminho para uma sexualidade mais humana’, em lugar de não utilizá-lo, colocando em risco a vida de outra pessoa”.

Neste sentido – sublinha –, o raciocínio do Papa “não pode ser definido como uma mudança revolucionária”

De fato, recorda o porta-voz, “vários teólogos moralistas e autorizadas personalidades eclesiásticas afirmaram e afirmam posições análogas”.

O padre Lombardi não cita nomes, mas entre eles destaca-se o cardeal Georges Cottier, que foi teólogo da Casa Pontifícia de João Paulo II e do próprio Bento XVI, que em uma entrevista concedida em 2005 afirmou que “em situações particulares, e penso em meios onde circula a droga, ou há uma grande promiscuidade humana e muita miséria, como ocorre em algumas zonas da África e Ásia, nesses casos, o uso do preservativo pode ser considerado como legítimo”.

Sobre este tema, o cardeal Javier Lozano Barragán, presidente emérito do Conselho Pontifício para a Pastoral no Campo da Saúde, anunciou em coletiva de imprensa de 21 de novembro de 2006 a entrega de um estudo à Congregação para a Doutrina da Fé, em resposta ao interesse do Papa.

"Humanae Vitae" hoje

As antecipações de L'Osservatore Romano apresentam também uma apreciação do Papa sobre a Humanae Vitae, a encíclica que Paulo VI publicou sobre esses temas em 1968.

“As perspectivas da Humanae Vitae continuam sendo válidas, mas outra coisa é encontrar caminhos humanamente praticáveis – assegura o Papa –. Creio que haverá sempre minorias intimamente convencidas da exatidão dessas perspectivas e que, vivendo-as, ficarão plenamente satisfeitas de modo que poderão ser para outros um fascinante modelo a seguir. Somos pecadores”.

“Mas não deveríamos assumir este fato como uma instância contra a verdade, quando essa alta moral não é vivida. Deveríamos buscar fazer todo o bem possível, e apoiar-nos e suportar-nos mutuamente. Expressar tudo isso também desde o ponto de vista pastoral, teológico e conceitual, no contexto da atual sexologia e pesquisa antropológica, é uma grande tarefa à qual é necessário se dedicar mais e melhor”, acrescenta o Papa no livro.

Uma vez esclarecido que o Papa confirmou o Magistério até agora exposto, ao fazer referência às palavras sobre o uso do preservativo em “casos singulares justificados”, o comunicado do padre Lombardi assinala que “é verdade que não as havíamos escutado ainda com tanta clareza dos lábios de um Papa, se bem de uma maneira coloquial e não magisterial”.

Com estas novas declarações, considera o sacerdote jesuíta, “Bento XVI nos dá, portanto, com valentia, uma contribuição importante para esclarecer e aprofundar uma questão debatida há tempos”.

“É uma contribuição original – indica –, pois por um lado mantém a fidelidade aos princípios morais e demonstra lucidez na hora de rejeitar um caminho ilusório, como a ‘confiança no preservativo’; e, por outro lado, manifesta no entanto uma visão compreensiva e de amplo horizonte, atenta para descobrir os pequenos passos – ainda que sejam só iniciais e ainda confusos – de uma humanidade espiritual e culturalmente com frequência muito pobre para um exercício mais humano e responsável da sexualidade”.

Em referência em concreto às palavras que o Papa pronunciou em sua viagem à África, seu porta-voz esclareceu que com esta nova intervenção, o sucessor de Pedro “confirma com clareza que nessa ocasião não tinha querido tomar posição sobre o problema dos preservativos em geral, mas que tinha querido afirmar com força que o problema da SIDA/AIDS não se pode resolver unicamente com a distribuição de preservativos, pois é necessário fazer muito mais: prevenir, educar, ajudar, aconselhar, estar junto das pessoas, seja para que não fiquem doentes, seja por que ficaram doentes”.

O bispo de Roma “observa que também no âmbito não eclesial se desenvolveu uma consciência análoga, como o demonstra a chamada teoria 'ABC' (abstinence, be faithful, condom), em que os dois primeiros elementos (abstinência e fidelidade) são muito mais determinantes e fundamentais para a luta contra a SIDA/AIDS, enquanto que o preservativo se apresenta em última instância como uma escapatória, quando faltam os outros dois elementos. Portanto, deve ficar claro que o preservativo não é a solução do problema”.

Segundo Lombardi, com esta nova entrevista, o Papa “amplia o olhar e insiste no fato de que concentrar-se unicamente no preservativo significa banalizar a sexualidade, que perde seu significado como expressão de amor entre pessoas e se converte em uma ‘droga’. Lutar contra a banalização da sexualidade é “parte do grande esforço para que a sexualidade seja valorizada positivamente e possa exercer seu efeito positivo no ser humano em sua totalidade”.

FONTE: Zenit

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

20 de novembro: Dia da Consciência Negra

História do Dia da Consciência Negra, cultura afro-brasileira, importância da data, quem foi Zumbi dos Palmares



Zumbi dos Palmares: um herói brasileiro

1. História do Dia Nacional da Consciência Negra

Esta data foi estabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. Foi escolhida a data de 20 de novembro, pois foi neste dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.

A homenagem a Zumbi foi mais do que justa, pois este personagem histórico representou a luta do negro contra a escravidão, no período do Brasil Colonial. Ele morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também um forma coletiva de manutenção da cultura africana aqui no Brasil. Zumbi lutou até a morte por esta cultura e pela liberdade do seu povo.

2. Importância da Data
A criação desta data foi importante, pois serve como um momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional. Os negros africanos colaboraram muito, durante nossa história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país. É um dia que devemos comemorar nas escolas, nos espaços culturais e em outros locais, valorizando a cultura afro-brasileira.

A abolição da escravatura, de forma oficial, só veio em 1888. Porém, os negros sempre resistiram e lutaram contra a opressão e as injustiças advindas da escravidão.

Vale dizer também que sempre ocorreu uma valorização dos personagens históricos de cor branca. Como se a história do Brasil tivesse sido construída somente pelos europeus e seus descendentes. Imperadores, navegadores, bandeirantes, líderes militares entre outros foram sempre considerados hérois nacionais. Agora temos a valorização de um líder negro em nossa história e, esperamos, que em breve outros personagens históricos de origem africana sejam valorizados por nosso povo e por nossa história. Passos importantes estão sendo tomados neste sentido, pois nas escolas brasileiras já é obrigatória a inclusão de disciplinas e conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura afro-brasileira.

FONTE: site Sua pesquisa.com