Missionário da Consolata na Colômbia e no Equador...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Lectio Divina de Jo 14,23-29 - Confiando em Jesus - 6º Domingo de Páscoa

Por Patrick Silva

Jesus respondeu-lhe: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras. E a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que me enviou. Eu vos tenho dito estas coisas enquanto estou convosco. Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito. Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não é à maneira do mundo que eu a dou. Não se perturbe, nem se atemorize o vosso coração. Ouvistes o que eu vos disse: ‘Eu vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. Disse-vos isso agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais. (João 14, 23-29)

1. LECTIO – leitura

Continuamos lendo sobre o ensino que Jesus deixou aos discípulos, ainda contexto da Última Ceia (Jo 14-17). O “nosso evangelho” de hoje é uma resposta a uma pergunta de um discípulo chamado Judas (“Senhor, como se explica que tu te manifestarás a nós e não ao mundo?”), não o traidor que já não está presente.

Jesus acaba de afirmar que vai se revelar para aqueles que o amam (versículo 21). Judas fica confuso. Será que vai se revelar unicamente aos seus discípulos? Jesus não responde diretamente à pergunta de Judas. No entanto, fica claro a pouca compreensão do discípulo. Os discípulos estão inquietos e desconcertados. Será possível percorrer esse “caminho” se Jesus não caminhar ao lado deles? Como é que eles manterão a comunhão com Jesus e como receberão dele a força para doar, dia a dia, a própria vida?

Para seguir esse “caminho” é preciso amar Jesus e guardar a sua Palavra (veja Jo 14,23). Quem ama Jesus e O escuta, identifica-se com Ele, isto é, vive como Ele, na entrega da própria vida em favor da humanidade... Ora, viver nesta dinâmica é estar continuamente em comunhão com Jesus e com o Pai. O Pai e Jesus, que são um, estabelecerão a sua morada no discípulo; viverão juntos, na intimidade de uma nova família (versículos 23-24).

Para que os discípulos possam continuar a percorrer esse “caminho”, o Pai enviará o “paráclito”, ou seja, o Espírito Santo (versículos 25-26). A palavra “paráclito” pode traduzir-se como “advogado”, “auxiliador”, “consolador”, “intercessor”. A função do “paráclito” é “ensinar” e “recordar” tudo o que Jesus propôs. Trata-se, portanto, de uma presença dinâmica, que auxiliará os discípulos recordando-os dos ensinamentos de Jesus e ajudando-os a ler as propostas de Jesus à luz dos novos desafios que o mundo lhes colocar. Assim, os cristãos poderão continuar a percorrer, na história, o “caminho” de Jesus, numa fidelidade dinâmica às suas propostas. O Espírito garante, dessa forma, que o cristão possa continuar a percorrer esse “caminho” de amor e de entrega, unido a Jesus e ao Pai. A comunidade cristã e cada pessoa tornam-se a morada de Deus: na ação dos cristãos revela-se o Deus libertador, que reside na comunidade e no coração de cada pessoa e que tem um projeto de salvação para a humanidade.

A última parte do texto contém a promessa da “paz” (versículo 27). Desejar a “paz” (“shalom”) era a saudação habitual à chegada e à partida. No entanto, neste contexto, a saudação não é uma despedida trivial (“não vo-la dou como a dá o mundo”), pois Jesus não vai estar ausente. O que Jesus pretende é serenar os discípulos apreensivos e receosos. São palavras destinadas a tranqüilizar os discípulos e a assegurar-lhes que os acontecimentos que se aproximam não porão fim à relação entre Jesus e a sua comunidade. As últimas palavras referidas por este texto (versículos 28-29) sublinham que a ausência de Jesus não é definitiva, nem sequer prolongada. De resto, os discípulos devem alegrar-se, pois a morte não é uma tragédia sem sentido, mas a manifestação suprema do amor de Jesus pelo Pai e pela humanidade.

2. MEDITATIO – meditação
+ A vida de Jesus foi uma vida gasta em favor dos irmãos, numa doação total e radical, até à morte. Os discípulos são convidados a percorrer, com Jesus, esse mesmo “caminho”. É esse “caminho” que eu tenho vindo a percorrer? A minha vida tem sido doação, entrega, dom, amor até ao extremo? Tenho procurado despir-me do egoísmo e do orgulho que impedem a Nova Humanidade de aparecer?
+ O cristão tem de estar atento à voz do Espírito, sensível aos seus apelos; tem de procurar detectar os novos caminhos que o Espírito propõe. Estamos sempre atentos aos sinais do Espírito e disponíveis para enfrentar os seus desafios?
+ Como é que Jesus deixa-nos a sua paz?

3. ORATIO – oração
Agradeça a Deus por ter enviado o Espírito Santo. Peça a Deus para falar com você e mostrar-lhe como ele quer que você responda. Ofereça os seus momentos de receio, de perplexidade e deixe que este Jesus o acalme e lhe mostre o caminho a seguir.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Contemple em quanto Deus o ama e como demonstrou seu amor por você. Maravilhe-se com a maravilhosa promessa da presença continua de Deus.

5. MISSIO - missão
“Se estivéssemos sempre atentos à voz do Espírito, depressa nos tornaríamos santos. Ele opera maravilhas naqueles que o seguem com coragem e generosidade e transforma-os em heróis de santidade, como fez com os Apóstolos. Neles e por meio deles renova a face da terra”. José Allamano


Disponível semanalmente em www.imconsolata.org.br





Nenhum comentário:

Postar um comentário