Por: Edil Tadeu P. França 
“As nossas celebrações são um dom  precioso para a Igreja, pois é a vivência do mistério pascal por onde  passam a vida do povo e de nossas comunidades. No entanto muitas vezes  seu sentido se desvirtua, por limitações (principalmente nas formações) e  dificuldades pastorais.” (Pe. Bogaz – In: A Celebração e seus dramas)  
Partindo deste pré-suposto é que necessitamos  SENTIR A LITURGIA A PARTIR DO PROJETO DE DEUS, e não simplesmente do  desejo humano; pois necessitamos promover a integração FÉ-VIDA, “e  não fazermos uma miscelânea de forças de expressão”, pois devemos pensar  os RITOS para torná-los agradáveis à assembléia com suas exigências  éticas, culturais e de TRADIÇÕES religiosas; não transformando as  celebrações em momentos da “uma elite religiosa” onde o povo  simplesmente assiste a um espetáculo de fé tal qual uma peça clássica  sem desenvolver seu “espírito de comunicação” com Deus e com os irmãos.
Toda a assembléia é convidada ao projeto de  devoção devendo buscar unir a criatividade à TRADIÇÃO, a  fim de que os símbolos, cantos, gestos ou movimentos culturais  possibilitem realizar a celebração em um momento capaz de converter seus  corações e ações filiando a linguagem celebrativa ao grande PROJETO DE  DEUS:
- Fazendo a sociedade igualitária na fé
 - Celebrando um culto a partir da vida
 - Que o sacerdócio que celebra os ritos seja sempre profético
 - Que a assembléia tenha sempre um poder comunitário, pela união.
 - Pelo dom da profecia nunca se esqueçam de cobrar que as leis defendam o povo (o pobre e o oprimido)
 - Que a celebração seja feita em uma TRINDADE libertadora
 
Se agirmos desta forma os ritos deixam de ser  apenas ações intelectuais, pois ganharão vida e sentimentos,  espiritualizando as celebrações tornando-as mais vivas e mais  agradáveis.
Mas somente iremos conseguir estas considerações  na medida em que nos esforçarmos no conhecimento da teologia litúrgica  refletindo sobre ela e seus desafios, para depois nos aperfeiçoarmos na  pastoral litúrgica com o envolvimento de todos os ministros da equipe  celebrativa que culminará na participação do CORPO CELEBRATIVO.
Ao prepararmos uma celebração a partir do PROJETO  DE DEUS, devemos ter COMO base que o culto (celebração) que iremos  realizar exigirá da equipe um compromisso com um SISTEMA DE IGUALDADE,  pois no ato litúrgico realizaremos o encontro da FAMILIA DO POVO DE  DEUS, incrementando e atualizando a VIDA de Jesus na história da  humanidade (renovando), fato que  nos fará evitar  transformar a liturgia em algo alienante. Os RITOS LITURGICOS precisam  imprimir um caráter de MISSÃO EVANGELIZADORA, pois mesmo seguindo as  rubricas próprias serão articulados por uma equipe que não deve ser  levada ao improviso, pois deverá atingir e inculturar os valores do povo  à celebração.
É triste enxergarmos apenas uma mentalidade  estética, onde se transforma nossa liturgia e celebrações em uma espécie  de grande teatro, com uma clara falta de cultura bíblica, litúrgica e  hermenêutica; é preciso formar-se para compreender que tipo de linguagem  fala a liturgia e como esta se comunica celebrativamente. Com esta  visão, não convém ficarmos debruçados em cima de pensamentos  intelectualizados, temos que enfrentar a realidade em que vivemos, uma  realidade de periferia, onde celebra-se de acordo com as regras e  instruções além do famoso “cursus latino” que lhe confere uma  musicalidade que penetra em nossos ouvidos de forma suave; mas jamais  podemos esquecer que a arquitetura ou montagem do gesto celebrativo  parte de um povo simples em sua maioria.
A Igreja reunida em Puebla já sentia a  necessidade de remodelar a liturgia às nossas culturas de periferia, ou  cultura latino-americana, bem como a situação dos pobres e humilhados,  sabemos que algumas recomendações pastorais foram indicadas, e até em  alguns lugares houve a opção de “celebrar a fé”, obedecendo algumas  expressões culturais, onde o povo simples fazia valer seu desejo de  alimentar o ato litúrgico (Puebla, 90).
          Porém com sentido apenas ritualista a  liturgia vai se tornando “racionalista” desprezando os símbolos da  cultura do povo, e perdendo o simbólico se desumaniza. Portanto nossa  função como ministros é a de criar espaços de acordo com a comunidade e a  teologia litúrgica, onde desenvolveremos um processo em   nosso trabalho, jamais deixando de interpretar as experiências e  culturas de nosso povo; o simbolismo nos permitem vários significados e  fazem parte da própria ação litúrgica.
          Não podemos deixar que o ritualismo, o  rubricismo e a pressa impeçam a comunidade de demonstrar a simbologia  litúrgica ou popular, sem portanto, transformá-la num gesto profano. As  equipes de liturgia devem preparar o gesto litúrgico para se manter o  equilíbrio entre as palavras, os gestos, cantos e silêncio, além da  beleza do simbólico, sem incomodar a sensibilidade comunitária no  entendimento do gesto sacramental.
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