Missionário da Consolata na Colômbia e no Equador...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Lectio Divina de Mateus 5,13-16 - 5º Domingo do Tempo Comum

Por: Patrick Silva, imc

“Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal perde seu sabor, com que se salgará? Não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e pisado pelas pessoas. Vós sois a luz do mundo. Uma cidade construída sobre a montanha não fica escondida. Não se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma caixa, mas sim no candelabro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus. (Mateus 5,13-16)

1. LECTIO – Leitura

O evangelho desta semana é a continuação daquele que foi proposto para reflexão na semana passada. Continuamos no contexto do “discurso da montanha”. Jesus no topo de um monte apresenta uma nova Lei aos seus seguidores.

O texto reúne duas parábolas – a do sal e a da luz – destinadas a evidenciar o papel dos seus discípulos no mundo e a definir a missão daqueles que aceitam viver no espírito das bem-aventuranças.

A primeira parábola é a do sal. O sal é, em primeiro lugar, algo que dá sabor aos alimentos. Também é usado na conservação dos alimentos. Assim, simboliza aquilo que é inalterável… No Antigo Testamento, o sal é usado para significar o valor durável de um contrato; nesse contexto, falar de uma “aliança de sal” (Nm 18,19) é falar de um compromisso permanente, perene (veja 2 Cr 13,5). Deste modo, afirmar que os discípulos são “o sal” significa, portanto, que os discípulos são chamados a trazer ao mundo essa “qualquer coisa mais” que o mundo não tem e que dá sabor; significa também que da fidelidade dos discípulos ao programa anunciado por Jesus (as “bem-aventuranças”) depende a perenidade da aliança entre Deus e a humanidade e a permanência do projeto salvador e libertador de Deus no mundo e na história.

A referência à perda do sabor destina-se a alertar os discípulos para a necessidade de um compromisso efetivo com o testemunho do “Reino”: se os discípulos de Jesus recusarem ser sal e se demitirem das suas responsabilidades, o mundo guiar-se-á por critérios de egoísmo, de injustiça, de violência, de perversidade, e estará cada vez mais distante da realidade do “Reino” que Jesus veio propor. Nesse caso, a vida dos discípulos terá sido inútil.

A segunda comparação é a da luz. Para a explicar, Jesus utiliza duas imagens. A primeira imagem (a da cidade situada sobre um monte) leva-nos a recordar o texto Is 60,1-3, onde se fala da “luz” de Deus que devia brilhar sobre Jerusalém e, a partir de lá, alumiar todos os povos. A interpretação judaica de Is 60,3 aplicava a frase a Israel: o Povo de Deus devia ser o reflexo da luz libertadora e salvadora de Deus diante de todos os povos da terra. A segunda imagem (a da lâmpada colocada sobre o candelabro, a fim de alumiar todos os que estão em casa) repete e explicita a mensagem da primeira: os que aderem ao “Reino” devem ser uma luz que ilumina e desafia o mundo. É possível que haja ainda nestas imagens uma referência ao “Servo de Deus” de Is 42,6 e 49,6, apresentado como a “luz das nações”.

De qualquer forma, a verdade é que, na perspectiva de Jesus, essa presença da “luz” de Deus para alumiar as nações dar-se-á, doravante, nos discípulos, isto é, naqueles que aceitaram o apelo do “Reino” e aderiram à nova Lei (as “bem-aventuranças”) proposta por Jesus. Estas duas imagens não pretendem, contudo, dizer que os discípulos de Jesus devam dar nas vistas, mostrar-se como gente importante, mas pretende dizer que a missão das testemunhas do “Reino” deve levá-las a dar testemunho, a questionar o mundo, a ser uma interpelação profética, a ser um reflexo da luz de Deus; e que não devem esconder-se, demitir-se da sua missão, fugir às suas responsabilidades.

O evangelho se conclui com a exortação que a “luz” dos discípulos brilhe para que todos vejam as suas “boas obras”; obras que os discípulos devem praticar, e que serão um testemunho do “Reino” para todos. Tais obras são, provavelmente, aquelas que Mateus apresenta na segunda parte das “bem-aventuranças”: a “misericórdia”, a “pureza de coração”, a defesa intransigente da paz e da justiça.

A missão dos discípulos é, portanto, a de “dar sabor” ao mundo, garantir à humanidade a perenidade da “aliança” e iluminar o mundo com a “luz” de Deus. Eles são as testemunhas dessa realidade nova que nasce da oferta da salvação e da vivência das “bem-aventuranças”. Neles tem de estar presente essa realidade nova, que Jesus chamava “Reino”.

2. MEDITATIO – meditação

Para mim, ser cristão é um compromisso sério, profético, exigente, que me obriga a testemunhar o “Reino”, mesmo em ambientes adversos, ou é um caminho “morno”, instalado, cômodo, de quem se sente em regra com Deus porque vai à missa ao domingo e cumpre alguns ritos que a Igreja sugere?

Para aqueles com quem contato todos os dias, sou uma pessoa “sem sabor” ou sou uma nota de alegria, de entusiasmo, de otimismo, de esperança numa vida nova vivida ao jeito do Evangelho, ao jeito do “Reino”?

Ser cristão é também ser luz acesa nas “escuridões” deste tempo, apontando os caminhos da vida, da liberdade, do amor, da fraternidade… Eu sou essa luz que aponta no sentido das coisas importantes, impedindo que a vida dos meus irmãos seja “gasta” em coisas sem sentido?

3. ORATIO – oração

Ouse pedir a Deus a coragem de ser um discípulo cheio de sabor. Num mundo onde todos parecem caminhar segundo as “modas” ditadas por uns poucos, que Deus o ajude a ser decidido na sua missão de dar sabor e luz ao mundo.

4. CONTEMPLATIO – contemplação

Deus é “a luz”, eu devo ser o reflexo desta luz, que através da minha fragilidade, apresenta a sua proposta de libertação e de vida nova ao mundo. Contemple a luz, deixe-se “iluminar” desta luz radiante, para que depois você possa refletir sempre mais esta poderosa luz.

5. MISSIO – missão

“Uma das principais qualidades do missionário é a determinação e a força de vontade. Para ser um verdadeiro missionário é preciso ter vontade firme e ser constante. Deus não tolera as meias-vontades; estas jamais conseguirão realizar coisa alguma.” José Allamano



2 comentários:

  1. Parabèns por esta ideia de colocar a leitura orante à disposiçao de todos.

    Gilberto da Silva

    ResponderExcluir
  2. QUER o SENHOR, abencoe por esta dando muita saberdoria a todos, ficam na santa paz do SENHOR.

    ResponderExcluir