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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Lectio Divina do texto de Lucas 15,1-32 - 24º Domingo do Tempo Comum


Por: Patrick Silva

Todos os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. Os fariseus e os escribas, porém, murmuravam contra ele. “Este homem acolhe os pecadores e come com eles”. Então ele contou-lhes esta parábola: “Quem de vós que tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? E quando a encontra, alegre a põe nos ombros e, chegando em casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida! ’ Eu vos digo: assim haverá no céu alegria por um só pecador que se converte, mais do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão. E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende a lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente até encontrá-la? Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido! ’ Assim, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”. E Jesus continuou. “Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha esbanjado tudo o que possuía, chegou uma grande fome àquela região, e ele começou a passar necessidade. Então, foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu sítio cuidar dos porcos. Ele queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. Então caiu em si e disse: “Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. Vou voltar para meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’. Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e foi tomado de compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e o cobriu de beijos. O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. Colocai-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o, para comermos e festejarmos. Pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. Ele respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque recuperou seu filho são e salvo’. Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistiu com ele. Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Mas quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com as prostitutas, matas para ele o novilho gordo’. Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado”. (Lucas 15,1-32)

1. LECTIO – Leitura
No “caminho rumo a Jerusalém” Jesus oferece uma catequese sobre a misericórdia de Deus… O capítulo 15 de Lucas apresenta as chamadas “parábolas da misericórdia”. É um tema que Lucas aprecia, ele entende que Jesus é o Deus que veio ao encontro da humanidade para lhe oferecer, em gestos concretos, a salvação. As parábolas da misericórdia expressam o amor e a misericórdia de Deus que se derrama sobre todos, de modo especial para os pecadores. A parábola da ovelha perdida – a primeira que encontramos – é comum a Lucas e Mateus, embora, neste evangelho, apareça em contexto diferente. Já as parábolas da moeda perdida e do filho pródigo (as outras duas parábolas que completam este capítulo) são exclusivas de Lucas.

O discurso de Jesus apresentado neste capítulo está enquadrado numa situação concreta. Ao ver que alguns infratores notórios da moral pública (como os cobradores de impostos) se aproximavam de Jesus e eram acolhidos por Ele, os fariseus e os escribas (que não admitiam qualquer contato com os pecadores) expressaram a sua admiração por Jesus os acolher e por se sentar à mesa com eles (o sentar-se à mesa expressava familiaridade, comunhão de vida e de destinos). É essa crítica que vai provocar o discurso de Jesus sobre a atitude misericordiosa de Deus. As três parábolas da misericórdia pretendem, portanto, justificar o comportamento de Jesus para com os publicanos e pecadores. Elas definem a “lógica de Deus” em relação a esta questão.

A primeira parábola (vs. 4-7) é a da ovelha perdida. Trata-se de uma parábola que, lida à luz da razão, é ilógica e incoerente, pois não é normal abandonar noventa e nove ovelhas por causa de uma; também não faz sentido todo o entusiasmo à volta de um acontecimento banal como é o achar a ovelha perdida… Nesses exageros revela-se, contudo, a mensagem essencial da parábola… O “deixar as noventa e nove ovelhas para ir ao encontro da que estava perdida” mostra a preocupação de Deus com cada pessoa que se afasta da comunidade da salvação; o “pôr a ovelha aos ombros” significa o cuidado e a solicitude de Deus. A alegria desproporcionada do pastor que encontrou a ovelha mostra a alegria de Deus, sempre que “reencontra” alguém se afastou dEle.

A segunda parábola (vs. 8-10) reafirma o ensinamento da primeira. Já a terceira parábola (vs. 11-32) apresenta o quadro de um pai (Deus), em cujo coração triunfa sempre o amor pelo filho, aconteça o que acontecer. Ele continua a amar o filho rebelde e ingrato, apesar da sua ausência, do seu orgulho e da sua auto- suficiência; e esse amor acaba por revelar-se na forma emocionada como recebe o filho, quando ele resolve voltar para a casa paterna. Esta parábola apresenta a lógica de Deus, que respeita absolutamente a liberdade e as decisões dos seus filhos, mesmo que eles usem essa liberdade para buscar a felicidade em caminhos errados; e, aconteça o que acontecer, continua amando, esperando ansiosamente o regresso do filho, preparado para o acolher com alegria e amor. É essa a lógica que Jesus quer propor aos fariseus e escribas que tinham uma atitude de intolerância e de exclusão.

O que está, portanto, em causa nas três parábolas da misericórdia é a justificação da atitude de Jesus para com os pecadores. Jesus deixa claro que a sua atitude se insere na lógica de Deus em relação aos filhos afastados. Deus não os rejeita, não os marginaliza, mas ama-os com amor de Pai… Preocupa-se com eles, vai ao seu encontro, solidariza-se com eles, estabelece com eles laços de familiaridade, abraça-os com emoção, cuida deles, alegra-se e faz festa quando eles voltam à casa do Pai.

2. MEDITATIO – meditação
Se essa é a lógica de Deus em relação aos pecadores, é essa mesma lógica que devo ter. Como é que eu acolho aqueles que me ofendem, ou que assumem comportamentos considerados reprováveis? Sou capaz de ir ao seu encontro? Capaz de os acolher?

Ser testemunha da misericórdia e do amor de Deus no mundo não significa, no entanto, aceitar o pecado… O pecado – tudo o que gera ódio, egoísmo, injustiça, opressão, mentira, sofrimento – é mau e deve ser combatido e vencido. Deus convida-me a amar o pecador e a acolhê-lo sempre como um irmão; mas convida-me também a lutar contra o mal, pois este é a negação desse amor de Deus que eu devo testemunhar.

3. ORATIO – oração
Use as palavras do Salmo 51 como sua oração pessoal. Agradeça a Deus por sua imensa misericórdia e carinho por todos. Ore pelas “ovelhas perdidas” para retornem ao Pai que as amas. Não tenha medo de rezar por alguém em especial.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Contemple a figura deste pastor que sai ao encontro da “ovelha perdida” e com carinho e alegria a faz regressar a casa. Sinta-se abraçado por este imenso amor.

5. MISSIO – missão
“É preciso viver com a certeza de que Deus se compadece das nossas fraquezas e desculpa as nossas faltas; só deseja é que mostremos um pouco de boa vontade.” José Allamano

Disponível semanalmente em http://www.consolata.org.br/
 

Um comentário:

  1. Muito legal seu texto meu irmão. Continue anunciando a Jesus Cristo como unico e suficiente salvador. O mundo precisa ouvir as palavars de salvação que Deus nos entregou nas mãos para faze-lo. Deus te abençoe. Caminhar com Deus é muito bom e desenvolver um relacionamente é muito precioso. Continue assim, buscando de Deus o caminho certo para sua vida. "Jesus é o caminho a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai a não ser por mim" Fica na paz. Irmã Thais
    www.palavradevidaaocoracao.blogspot.com

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