Missionário da Consolata na Colômbia e no Equador...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Lectio Divina de Lc 7,11-17 - Deus vem para salvar - 10º Domingo do tempo comum

Por Patrick Silva

Em seguida, Jesus foi a uma cidade chamada Naim. Os seus discípulos e uma grande multidão iam com ele. Quando chegou à porta da cidade, coincidiu que levavam um morto para enterrar, um filho único, cuja mãe era viúva. Uma grande multidão da cidade a acompanhava. Ao vê-la, o Senhor encheu-se de compaixão por ela e disse: “Não chores!” Aproximando-se, tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Ele ordenou: “Jovem, eu te digo, levanta-te!” O que estava morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. Todos ficaram tomados de temor e glorificavam a Deus dizendo: “Um grande profeta surgiu entre nós”, e: “Deus veio visitar o seu povo”. Esta notícia se espalhou por toda a Judéia e pela redondeza inteira. (Lucas 7,11-17)

1. LECTIO – leitura
O evangelho deste domingo nos oferece uma cena digna de um filme. Um grupo formado por Jesus, seus discípulos e a multidão que os segue entra numa cidade onde encontram um outro grupo, que acompanham um mulher viúva levando a enterrar seu filho único. O encontro acontece às portas da cidade de Naim. O episódio coloca em destaque a trágica situação da mulher. Já era viúva, agora perde também o seu filho único e com ele a possibilidade de se sustentar, isto é, a sua própria vida agora fica em risco. Estamos perante uma situação deveras trágica e só mesmo a presença de Jesus poderá inverter o curso da situação. A cena evoca outros episódios presentes no AT, como são os casos famosos de Elias e Eliseu (veja 1 Rs 17,17-24 e 2Rs 4,32-37). Viúvas e órfãos são categorias necessitadas que no AT reclamam atenção especial. O salmo 68 (v. 6) declara sobre Deus: “pai de órfãos, protetor de viúvas”. Não é então de admirar a reação de Jesus quando encontra aquela situação. Jesus, o portador da vida, tem algo a oferecer para transformar aquela situação. Ao ver a dor daquela mulher, o evangelho relata, que Jesus sentiu compaixão (o verbo grego dá um sentido visceral ao sentimento que Jesus nutre pela situação da viúva, não é algo superficial, mas lhe vem do interior). Interessante é também o convite que Jesus faz à mulher: “não chores”, como se fosse possível para a mulher evitar o choro numa situação trágica como aquela, mas é já um antecipar daquilo que está para acontecer. O gesto seguinte de Jesus é ainda mais “perigoso”, depois de pedir para uma mulher sofredora que não chore, agora Jesus vai tocar no corpo do morto. Que mestre era aquele que não sabia que não devia tocar em corpos mortos? Não sabia que ficaria impuro ao tocar? Nada disso parece importar a Jesus, o que ele deseja é dar a vida. As palavras de Jesus são decididas: “Jovem, eu te digo, levanta-te!” A resposta, do antes morto, também é decidida, imediatamente se levanta e começa a falar. O espanto apodera-se dos presentes! Não era para menos.

Diante da atitude de compaixão de Jesus, neste milagre de ressurreição, vemos a exclamação do povo: “Deus visitou o seu povo”. Jesus é “um grande profeta”, não apenas porque transmite a Palavra de Deus e anuncia o reino com palavras, mas sobretudo porque veio realizar o reino pela ressurreição, oferecendo a sua vida. O comentário do povo evoca a promessa de Dt 18,15, imediatamente lhe reconhecem o título de profeta.

Jesus veio criar, oferecer à humanidade a alegria de uma vida aberta com todo o sentido. Percebemos ainda todo o caráter de sinal presente no milagre. A ressurreição do filho da viúva testemunha Jesus que há-de vir, cuja vida triunfa plenamente sobre a morte. Significa que para nós, hoje como então, Deus vai ao encontro de todos os que vivem sem esperança, para lhes oferecer vida, vida plena. Significa ainda que, seguindo Jesus, temos que ter em nós a mesma atitude, ir ao encontro daqueles que sofrem. Assim, podemos viver a nossa vida como se fosse cortejo fúnebre, sem esperança, chorando, lamentando-se o tempo todo; ou então fazemos da nossa vida um caminho de esperança, de ressurreição, de transformação do choro e da morte em sentido de vida. A escolha é nossa! Mas como discípulos missionários de Jesus a escolha certa parece ficar clara qual é!

O milagre relatado neste texto, assim como o dos versículos anteriores, respondem à pergunta de João de Baptista a Jesus: “és Tu que hás-de vir ou devemos esperar outro?” Jesus oferece a salvação (cf. Lc 7,1-10) e mostra o verdadeiro triunfo da vida (cf. Lc 7,11-17). Não é o relato em si que é o mais importante, mas o sentido que nos transmite.

2. MEDITATIO – meditação
+ Imagine que testemunhou este milagre de Jesus, que sentimentos iria despertar em si?
+ O que você teria pensado sobre Jesus depois de presenciar este milagre?
+ A leitura do evangelho destaca a autoridade de Jesus sobre a doença, sobre a morte. O que é que isso significa para si?
+ Jesus sentiu compaixão com a dor daquela viúva, você sente compaixão pelos que sofrem ou se sente indiferente à dor dos outros? O que faz para aliviar essa dor?

3. ORATIO – oração
A viúva parecia não ir pedir que Jesus interviesse para ajudá-la, mas ele escolheu intervir. Pense nas vezes que Jesus já interveio em sua vida para ajudar, mesmo sem um pedido. Tire algum tempo para expressar o seu agradecimento e louvor a Deus. Pode se inspirar com as palavras do Salmo 30.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Jesus se revela no evangelho como profeta. Deus que vem visitar o seu povo, para o confortar nas dores. Jesus não é indiferente à dor, ao sofrimento, bem pelo contrário, nutre um sentimento que o leva a transformar essa situação em vida. Contemple no silêncio este Deus que transforma em vida toda a dor.

5. MISSIO - missão
“Devemos alimentar uma confiança tão grande que vá até ao milagre; uma confiança que nos torne audaciosos e até mesmo ‘prepotentes’. Deus não se ofende com isso”. José Allamano


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