Missionário da Consolata na Colômbia e no Equador...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A relação entre fé e compromisso social no livro “Evangelho e Revolução Social” do frei Carlos Josaphat


Comunicação elaborada por Júlio César Caldeira Ferreira, 2º ano EDT, para o seminário de pesquisa “EnfoquesTeológicos Latino-americanos sobre a Teologia”, sob coordenação dos professores José Almy Gomes e Ceci Baptista Mariani.

Como semente da Teologia da Libertação, encontramos esta obra do frei Josaphat que sugere, como afirma Dom Paulo Evaristo Ars, “uma espiritualidade para ação, que inclua uma luta sem ódio, mas eficaz, contra as injustiças no plano social, nacional e internacional. Continua atual e urgente este convite-intimação ao cristão: ‘Compete aos que já acordaram, sacudir os adormecidos. Tal missão cabe especialmente aos leigos’.”

Lendo o livro observei que frei Carlos insiste na reforma da base a partir de um ideal revolucionário (partindo da história), mudando as estruturas a partir do Evangelho (pois não há caridade sem justiça social e não há justiça social sem caridade). Inspirado pela encíclica de João XXIII, Mater et Magistra, no nº 4a, ele insiste que “somos desafiados a calejar as mãos na edificação de uma civilização deveras humana, fundada ‘na verdade, na justiça e no amor’.”

Buscando combater as idéias do século XIX de católicos liberais ou reacionários e dos católicos conservadores, frei Josaphat defende que não haja mais luta de classes (que geram oprimidos e opressores), não busquem interpretar o evangelho individualizante e acomodando-se diante das situações de injustiça; mas crie-se um amor realista para com Deus e com o próximo, baseado na caridade e fundado na doação, através da fé e da construção de uma ordem social onde os homens encontrem condições de uma vida verdadeiramente humana, fazendo uma opção livre à santidade .

A renovação cristã parte da convicção evangélica (interna) e da opção pessoal (externa), elaborando uma espiritualidade integral a partir do Evangelho para assumir uma ordem social justa e solidária, baseando-se na “fé no Deus vivo e pessoal (...), (numa) oração capaz de assumir e dinamizar a vida com seus problemas concretos, a doação generosa ao próximo, na medida das capacidades e na realização da vocação de cada um” .

Ressalta a importância da retomada bíblica baseada numa escatologia cristã que deve “fundar uma espiritualidade de marcha para Deus e de presença ativa no mundo”, valorizando os profetas, que “representam uma ruptura com uma falsa ordem estabelecida”, na esperança messiânica que “inaugurará para o mundo o reino da Justiça e da Paz” e fundado nos ensinamentos da tradição da Igreja. Da mesma forma, ressalta o sentido da valorização de “todo o povo” a partir de uma educação integral, da participação na vida política, econômica e social para todas as classes, pois “a paz é fruto da justiça e a tranqüilidade se funda no direito” (Is 32,17).

No entanto devemos estar atentos à inspiração de uma espiritualidade aberta ao plano social e não fechada puramente nas tradições e ritualismos. “O cristianismo por sua natureza não é conservador ou revolucionário; ele é proclamação e sede de Justiça” contra os grandes pecados coletivos: a) desinteresse das elites dirigentes em relação aos problemas fundamentais; b) a utilização dos meios publicitários para anestesiar ou desvirtuar a opinião pública. Neste meio, os discípulos de Jesus devem demonstrar a sua fé e utilizar das armas ofensivas do cristão: a verdade, a bondade e o amor.

Diante da sociedade atual, o pensamento do frei Carlos Josaphat continua atual e desafiando a nós cristãos a buscarmos “desdobrar todas as dimensões teologiais, pessoais, comunitárias e sociais de nossa profissão de fé hoje, bem como os aspectos de sua universalidade, abrangendo, esclarecendo, estimulando a estima e o cuidado da criação, o compromisso com as grandes aspirações e problemas humanos e mesmo o empenho de colaborar na elaboração e realização de um projeto justo e solidário de sociedade” .

São Paulo, junho de 2009.

Um comentário:

  1. Caro Julio percebendo sua proximidade com Frei Carlos Josafa peço que leve ao Frei a informação, há anos (2 ou 3) recebo ligações e mensagens telefonicas em meu celular de pessoas de todo o Brasil endereçadas a ele, a cada contato busco esclarecer o engano e orientá-los da necessidade de ter outra forma para o contato e ainda para informar ao Frei Carlos o equívoco. Ultimamente as ligações estão mais frequentes, e uma dessas pessoas me informou que meu numero de telefone esta num site como forma de contato com o Frei. Assim deixo a vc meu email para contato (i-souza@uol.com.br) ou para melhores informações sobre o fato. Abraços Izildinha

    ResponderExcluir