Por Júlio Caldeira
Faleceu, no dia 26 de junho de 2010, o nosso querido Pe. Franco Piccolli, imc. “Pequeno” no nome, grande no coração e no espírito missionário, sempre confirmando sua felicidade pelo “sim” que deu a Cristo.
Pe. Francesco Piccoli nasceu no dia 30 de setembro de 1934, em Bettola (Piacenza – Itália), onde entrou no seminário em 1946 e cursou o ensino médio. Juntou-se à família dos missionários da Consolata em 1954, onde fez os estudos no seminário maior. Emitiu os primeiros votos em 1955 e foi ordenado sacerdote em 02 de abril de 1960 (completou recentemente 50 anos de ordenação sacerdotal).
Dedicou-se à formação de missionários da Consolata, em Turim (Itália). Depois, veio para o Brasil, onde se dedicou missionariamente, por 21 anos, aos trabalhos pastorais em Manaus (Amazonas) e Boa Vista (Roraima), sendo, inclusive pároco da catedral de Boa Vista (Roraima); além disso, desempenhou vários trabalhos nas periferias urbanas, defendendo a “opção preferencial pelos indígenas” feita pelos missionários da Consolata.
De 2004 a 2008 desempenhou seu apostolado na querida paróquia N.Sra.Consolata, no Rio de Janeiro, onde o conheci e demonstrava carinho com o povo. Marcava a todos seu zelo apostólico e espírito de oração e atenção às pessoas que se acercavam a ele. “Coragem”, “força”, “confie em Deus, Ele nunca nos abandona; está sempre conosco”... entre outras: estas eram palavras constantes em seu vocabulário, diante das dificuldades que lhe eram apresentadas. Desde 2008 foi chamado a estar junto ao povo de Salvador (Bahia).
Em meados de 2009, constatou-se um delicado problema de saúde, que o fez retornar à Itália, onde começou um tratamento urgente e prolongado que o levou à morte, ou melhor, ao “encontro com o Pai”. Este grande “especialista em sofrimento”, como seguidor de Jesus, mesmo nos momentos de sofrimento, ofereceu tudo o que tinha pela missão, pela Igreja e pela humanidade... Diante do “calvário” que vivia afirmava que “estou convencido de que Deus está me dizendo o que disse a Jeremias no capítulo 18: quer fazer de mim um vaso novo... também exteriormente... Seja feita sua santa vontade, que é sempre santa e santificante!”.
Disse certa vez que "apesar de ser aqui apenas um curto espaço de tempo, as pessoas começam a me conhecer e a amar-me." Querido Pe. Franco, como não poderíamos lhe conhecer e amar? Você sempre esteve atento a todos e dando-se a conhecer e amando aos demais...
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Pe. Ronildo, Júlio e Pe. Franco |
Agora só temos que agradecer também a Deus por haver nos dado tão zeloso e ardoroso operário que trabalhou... trabalhou... trabalhou na Sua Vinha. E agora, emocionados e com saudades, temos que reconhecer: se foi o nosso amigo, pastor, consolador... mas agora temos a certeza de ter mais um santo que intercede por nós junto a Deus...
Segue o depoimento de Aline Carvalhido (do Rio de Janeiro):
"Caros amigos,
é com imensa tristeza que externo meu sentimento aqui ... hoje foi para casa do Pai nosso amado PASTOR Pe. Franco Piccoli, ganhamos um intercessor no céu com certeza.
Fica no meu coração sua incansável luta para levar o Cristo Jesus a todos aqueles que não O conheciam como ele o conhecia, sua luta pela "Missão", pela verdadeira Missão. Pe. Franco dedicou sua vida até o último minuto a evangelizar, a ser aquilo que Deus o chamou a ser, UM MISSIONÁRIO POR INTEIRO!!
Por onde ele passou, ele deixou sua marca. Mudou não só os lugares por onde passou, mas mudou as pessoas. Ele sempre teimoso, sempre insistente, quando punha algo na cabeça ninguém o fazia mudar. Por muitas vezes discordamos, por muitas vezes queríamos fazer diferente dele, mas ele com seu jeitinho nos convencia, ou não, contudo ele fazia mesmo assim, e nos ensinava, pois dava certo, sempre deu certo.
Sofria sempre calado, era o silêncio de Nossa Senhora, um homem de profunda oração, tinha sempre a sua frente Jesus, sempre foi rastro de luz!!
Fica hoje no meu coração e sei que ficará sempre, seus conselhos, seus ensinamentos, sempre que falei com ele nestes últimos momentos de dor, ao invés de animá-lo pelo contrário, ele é quem me animava sempre! Tinha sempre uma frase pronta, que ele trazia do seu coração para me dizer. Para nos dizer, não é?!
Ele era o próprio Cristo que hoje foi para junto do Pai, e que está nos aguardando lá.
Foi-se meu amigo, meu PASTOR, meu conselheiro espiritual, meu Pai, foi-se desta terra, agora este SANTO homem é meu (nosso) intercessor!
Caros amigos, que Deus nos dê força para sermos verdadeiros missionários como nosso Pastor foi! Ele viveu verdadeiramente o carísma IMC. (...)
Fiquemos pois, ANIMADOS PELA ESPERANÇA e com OS OLHOS FIXOS EM JESUS!!!
Nossa Senhora Consolata, rogai por nós!"
PADRE FRANCESCO (FRANCO) PICCOLI, IMC (Breve curriculum vitae)
Padre FRANCESCO PICCOLI (mais conhecido como Padre FRANCO), fi-lho de Bonfiglio Piccoli e Rosa Piccoli, nasceu a 30 de setembro de 1934, em Béttola (Região de Piacenza), na Itália. Antes de ingressar no Instituto Missões Consolata, fez os estudos básicos no Seminário diocesano de Pia-cenza e no Colégio Alberoni de Piacenza (de 1946 a 1954).
Sentindo o chamado à vida missionária, no final de setembro de 1954 en-trou no Instituto Missões Consolata, em Turim. A 02 de outubro de 1954 iniciou o Noviciado, em Certosa di Pésio; emitiu a Profissão Religiosa temporânea a 02 de outubro de 1955. Fez os estudos teológicos no Semi-nário Maior do Instituto Missões Consolata, em Truim, sendo admitido à Profissão Religiosa perpétua a 02 de outubro de 1958. Recebeu a Ordem do Diaconato a 20 de dezembro de 1959 e a 02 de abril de 1960 foi orde-nado Sacerdote, em Turim.
CAMPOS DE APOSTOLADO APÓS A ORDENAÇÃO SACERDOTAL
Em Rovereto: de julho de 1960 a julho de 1967, como vice-reitor do seminário e orientador espiritual dos seminaristas.
Em Varallo Sésia: de julho de 1967 a julho de 1969, como orientador espi-ritual dos estudantes do Liceu.
Em Boário: de julho de 1969 a maio de 1975, como superior da comunida-de local e animador vocacional.
Em 1975 foi destinado ao Brasil, onde chegou no final do mês de maio do mesmo ano. Aqui, exerceu o cargo de pároco da paróquia “Santa Luzia”, em Manaus (AM), de junho de 1975 a maio de 1980.
Depois deste período de vida no Brasil, retornou à Itália, chamado para trabalhar como superior e animador vocacional em Rovereto. De Rovere-to passou para a comunidade de Bedizzole, durante alguns meses, sem-pre ocupado com a animação vocacional, até o final de 1987.
No primeiro semestre de 1988 retornou ao Brasil, sendo destinado a Boa Vista, em Roraima, onde assumiu o cargo de pároco da igreja catedral “Cristo Redentor”, trabalho que desempenhou até fevereiro de 1997.
Em março de 1997 voltou a trabalhar em Manaus (AM), como pároco da paróquia “ Santa Luzia”, até outubro de 2003.
No final de 2003, Padre Franco foi transferido para a Região Sul do Brasil, iniciando suas atividades pastorais e missionárias na paróquia “Nossa Senhora Consolata”, no Rio de Janeiro, como pároco e superior da comu-nidade missionária do Instituto Missões Consolata, permanecendo no cargo até 30 de junho de 2008, ocasião em que a paróquia foi devolvida à Arquidiocese do Rio.
Deixando o Rio de Janeiro, Padre Franco foi para a Paróquia de São Brás, na periferia de Salvador (Bahia), onde ficou até o final de 2009.
Atacado pela doença, deixou a Bahia e foi para São Paulo, para tratamento e internação no Hospital São Camilo (Região Sant´Ana). Assim que uma breve e temporária melhora na saúde lhe permitiu, viajou para a Itália, sua pátria, para um período de férias e continuidade do tratamento da saúde.
Faleceu no Hospital Cottolengo de Turim (Itália), a 26 de julho de 2010, com 75 anos de idade, 54 de Profissão Religiosa como Missionário da Conslata e 50 de Sacerdócio. Foi um grande e generoso missionário, que testemunhou seu amor a Jesus Cristo e à Igreja por palavras e com a vida.
Deus lhe dê um belo lugar no céu! Amém!
São Paulo, 27 de julho de 2010. Padre Jordão Maria Pessatti, imc